
Quem diria que um simples pedaço de cerâmica poderia virar um pesadelo? Em Vicente Pires, região administrativa do DF, empresários estão com os cabelos em pé — e não é só por causa do calorão de Brasília. O problema? Telhas que simplesmente desaparecem no caminho entre o fornecedor e o cliente.
"É como se tivesse um buraco negro engolindo nosso material", brinca (sem graça) Marcos Aurélio, dono de uma loja de materiais de construção. Ele já perdeu três cargas neste mês — e o prejuízo tá batendo na casa dos R$ 15 mil. O que era pra ser uma entrega rápida tá virando uma novela mexicana sem final feliz.
O que tá rolando?
Pelo menos cinco empresas da região tão na mesma sinuca. As reclamações são sempre as mesmas:
- Pedidos confirmados que simplesmente não chegam
- Prazos que esticam mais que chiclete no sol
- Justificativas mais criativas que roteiro de filme da Marvel
E olha que a demanda não para. Com o boom da construção civil na região — especialmente nos condomínios que tão brotando feito cogumelo —, a procura por telhas disparou. Só que a oferta... Bem, essa tá mais sumida que dinheiro de político honesto.
E o consumidor?
Quem se ferra no final é sempre o mesmo. "Tive que adiar a obra duas semanas porque as telhas não chegaram", conta a dona Maria, que tá construindo uma quitinete pra alugar. Ela já pagou adiantado — e agora tá com a corda no pescoço, tendo que explicar pro inquilino que o telhado virou item de luxo.
Os fornecedores, por sua vez, jogam a culpa numa sopa de letrinhas: falta de caminhoneiros, greves não declaradas, problemas na produção. Até astrologia já ouvi como desculpa — "Mercúrio retrógrado atrapalhou a logística", sério mesmo?
Enquanto isso, as lojas pequenas tão sofrendo mais que as grandes. Sem poder comprar em megaquantidades, elas ficam no fim da fila de prioridades. E o pior? Ninguém sabe quando essa bagunça vai se resolver. O jeito é ir tocando com a telha que tem — ou improvisar, como aquele cliente que usou placas de EVA enquanto as telhas não chegam.