Prada conclui aquisição da Versace por US$ 1,4 bilhão e fortalece moda italiana
Prada compra Versace por US$ 1,4 bilhão

O cenário global do luxo passou por uma significativa reconfiguração nesta terça-feira, 02 de dezembro de 2025. O Grupo Prada anunciou a conclusão da aquisição da icônica grife italiana Versace, que pertencia ao conglomerado norte-americano Capri Holdings. O valor do negócio foi de US$ 1,4 bilhão, o equivalente a aproximadamente 7,5 bilhões de reais.

Um marco para a indústria italiana do luxo

Esta operação, cujo anúncio inicial ocorreu em abril de 2025, representa mais do que uma simples transação financeira. Ela simboliza um fortalecimento estratégico da moda italiana em um mercado internacional dominado por gigantes, principalmente a francesa LVMH, dona de marcas como Louis Vuitton e Dior. A Itália, apesar de responder por 50% a 55% da produção mundial de bens de luxo pessoais, carecia de um grupo com escala comparável aos seus concorrentes internacionais.

Com um valor de mercado em torno de US$ 15 bilhões (R$ 80,2 bilhões), a Prada se consolida como o maior grupo de moda de luxo italiano em receita. No entanto, o caminho para rivalizar com a LVMH, avaliada em cerca de US$ 316 bilhões (R$ 1,7 trilhão), ainda é longo. A incorporação da Versace é vista como um passo crucial para aumentar essa competitividade.

Os motivos e os desdobramentos financeiros

A venda ocorre em um momento de desafios para a Versace. No primeiro trimestre de 2025, a marca registrou um prejuízo operacional de US$ 54 milhões (R$ 288,7 milhões), um resultado que pressionava a Capri Holdings a buscar soluções para reequilibrar suas contas. Fundada em 1978 por Gianni Versace, a casa viveu sua era de ouro sob a direção criativa de Donatella Versace, que comandou artisticamente a grife por três décadas até sua saída, em março de 2025.

Do lado da vendedora, a Capri Holdings, que havia adquirido a Versace em 2018 por cerca de US$ 2 bilhões – valor superior ao obtido na venda atual –, anunciou seu plano para os recursos. A empresa pretende direcionar praticamente toda a quantia para o abatimento de sua dívida financeira. Em comunicado, o presidente do conselho e CEO da companhia, John D. Idol, afirmou que a estratégia deve "reforçar significativamente a estrutura de capital do grupo".

O futuro após a fusão

Idol destacou ainda que a operação dará ao conglomerado "mais fôlego financeiro para investir em novas frentes de crescimento e, futuramente, criar espaço para a devolução de capital aos acionistas". Para o Grupo Prada, a aquisição da Versace não é apenas uma expansão de portfólio, mas uma afirmação de sua capacidade de liderar e consolidar o setor de luxo com DNA italiano no palco mundial.

O movimento ressalta a dinâmica de consolidação no mercado de bens de luxo, onde a escala e o poder das marcas são fatores decisivos. A união de duas das mais prestigiadas etiquetas da Itália sob um mesmo guarda-chuva corporativo promete redefinir as relações de força no segmento, criando um polo de poder capaz de dialogar de forma mais equilibrada com os grandes grupos franceses.