O cenário de incerteza em torno da privatização da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) levou a empresa a uma posição de alerta máximo. De acordo com declarações de seu principal executivo, a estatal mineira se vê em desvantagem na corrida por novos investimentos no setor elétrico.
Impasse na privatização trava competitividade
O presidente da Cemig, Reynaldo Passanezi Filho, expressou publicamente sua preocupação com o impasse que paralisou o processo de desestatização da companhia. Para o CEO, a falta de avanços concretos nessa agenda coloca a empresa em uma posição frágil frente aos concorrentes que já operam na iniciativa privada.
Em análise publicada no dia 1 de dezembro de 2025, Passanezi Filho foi direto ao ponto: “Sem a privatização, não conseguiremos competir nos leilões do ano que vem”. A declaração reflete um temor concreto dentro da diretoria da empresa sobre seu futuro em um mercado cada vez mais acirrado.
Leilões de 2026 exigem vultosos investimentos
A urgência destacada pelo executivo tem fundamento em números concretos. O estado de Minas Gerais deve realizar dois importantes leilões de linhas de transmissão de energia já no ano de 2026.
Os editais desses certames, conforme projeções do setor, devem demandar um volume total de investimentos da ordem de 6 bilhões de reais. Trata-se de uma oportunidade de negócio significativa, mas para a qual a Cemig, em sua condição atual, enxerga barreiras intransponíveis.
O modelo de gestão e as amarras orçamentárias de uma empresa estatal, segundo a visão interna, limitam sua capacidade de assumir compromissos financeiros dessa magnitude com a agilidade necessária.
Consequências para o setor energético mineiro
A posição da Cemig sinaliza um risco real de a empresa perder espaço em projetos estratégicos para a infraestrutura do próprio estado que a abriga. A incapacidade de competir nos leilões pode resultar em:
- Perda de participação de mercado para concessionárias privadas.
- Atraso em investimentos essenciais para a expansão e modernização da rede.
- Enfraquecimento da posição da companhia como agente central no setor energético regional.
O plano de investimentos de longo prazo da Cemig, que soma cerca de 59 bilhões de reais, também pode ser diretamente impactado por essa perda de competitividade imediata. A empresa se vê, portanto, em uma encruzilhada: precisa da privatização para se capitalizar e crescer, mas o processo está travado.
A fala do presidente Passanezi Filho soa, assim, menos como um desabafo e mais como um alerta formal aos acionistas, ao mercado e ao poder público sobre os limites operacionais de uma estatal em um ambiente de negócios dinâmico e disputado.