Calçadista Gaúcho que Produzia 37 Mil Pares por Dia Declara Falência Após Tarifação dos EUA
Calçadista do RS declara falência após tarifas dos EUA

Era uma daquelas histórias que enchem o gaúcho de orgulho – uma fábrica de calçados no coração do Rio Grande do Sul, botando para fora nada menos que 37 mil pares de calçados... por dia! Imagina só o movimento, o burburinho, o vai e vem de caminhões. Pois é. Essa máquina de produzir, que já foi sinônimo de pujança industrial, simplesmente vai parar.

A decisão saiu na tarde desta terça-feira (16) e pegou todo mundo de surpresa – mas, olhando em retrospecto, talvez não devesse ter pegado. A empresa, que preferiu não estampar sua derrota em letras garrafais (quem gosta de anunciar fracasso, não é mesmo?), confirmou que está pedindo falência. E o motivo? Ah, o motivo é aquele velho conhecido que sempre aparece quando as coisas desandam: dinheiro. Ou melhor, a falta dele.

O Golpe que Veio de Fora

O estopim, segundo fontes próximas ao caso, foi uma machadada vinda diretamente de Washington. Os Estados Unidos, numa daquelas jogadas protecionistas que só eles sabem fazer, impuseram tarifas pesadíssimas sobre uma série de produtos importados – e, claro, o calçado brasileiro entrou na lista. Do dia para a noite, ficou simplesmente inviável exportar.

E não era qualquer exportação. A empresa, que tinha um nome forte no mercado interno, dependia dessas vendas externas para fechar as contas no azul. Sem esse respiro, a conta simplesmente não fechava mais. A matemática era cruel e inexorável.

O que Sobra Além dos Números

Para além das planilhas e dos gráficos de exportação, sobram histórias. Muitas histórias. Funcionários que dedicaram décadas de suas vidas àquela fábrica, que viram filhos nascerem e crescerem com a certeza do pagamento no fim do mês. Fornecedores locais – de couro, de cola, de caixas de papelão – que agora tremem com a possibilidade de uma reação em cadeia.

É um baque para a economia de toda a região, uma daquelas notícias que esfria o ânimo até do mais otimista dos empreendedores. Será que o protecionismo de uma grande potência pode mesmo acabar com o sustento de famílias a milhares de quilômetros de distância? A resposta, infelizmente, parece ser um sonoro 'sim'.

O caso joga um holofote brutal sobre a fragilidade de nossas indústrias num mundo globalizado. Um decreto assinado em outra língua, em outro hemisfério, é capaz de desmontar anos de trabalho duro e conquistas. Faz a gente pensar, não faz?

Enquanto os trâmites judiciais da falência se iniciam, resta torcer para que o know-how acumulado por todos esses anos – e, principalmente, os talentos das pessoas que ali trabalhavam – não se percam. O Rio Grande do Sul já provou que sabe fazer calçado como ninguém. Quem sabe não surge um novo caminho, uma reinvenção?