
Quem diria que um fusca azul, comprado a prestações em 1946, daria origem a um dos maiores impérios do transporte no Brasil? Pois é exatamente dessa forma — quase como um conto de fadas empresarial — que nasceu o Grupo Águia Branca, que está comemorando nada menos que 79 anos de estrada.
Naquela época, o jovem Norberto Odebrecht (sim, daqueles Odebrecht, mas nada a ver com a construtora) e seu sócio Olavo Elias de Andrade começaram com um único carro fazendo fretes entre Vitória e Cachoeiro de Itapemirim. Mal sabiam eles que estavam plantando a semente de um gigante.
De um fusca a uma frota de 5 mil veículos
O crescimento foi orgânico, mas certeiro. Na década de 50, já com frota ampliada, criaram a primeira linha regular de ônibus entre Vitória e Cachoeiro. Nos anos 60, vieram as primeiras expansões interestaduais. E assim foi — década após década — até se tornar o que é hoje: um conglomerado com:
- Mais de 5 mil veículos rodando país afora
- Presença em 11 estados brasileiros
- Cerca de 12 mil colaboradores
- Operação em transporte rodoviário, logística e locação de veículos
"A gente costuma brincar que crescemos junto com as estradas do Brasil", conta um dos diretores mais antigos, em tom saudosista. "Quando as rodovias melhoraram, nós melhoramos também."
Raízes capixabas, asas nacionais
O que pouca gente sabe é que, apesar do tamanho atual, o grupo nunca esqueceu suas origens. A sede continua em Vitória, e muitos dos valores da empresa refletem o jeito capixaba de ser — mistura de seriedade com aquela simpatia característica.
"Tem coisa que a gente não abre mão", explica um gerente regional. "Qualidade no serviço, respeito pelo passageiro e atenção aos detalhes. São heranças da época do fusca que a gente carrega até hoje."
E os números impressionam: só em 2023, os ônibus da Águia Branca transportaram o equivalente a três vezes a população do Espírito Santo. Dá pra acreditar?
O segredo da longevidade
Numa época em que empresas nascem e morrem com a velocidade de um story do Instagram, permanecer relevante por 79 anos não é pouca coisa. O segredo, segundo os próprios executivos, está em três pilares:
- Adaptação: "Quem fica parado vira poste", dizem os mais antigos
- Visão de futuro: Investir em tecnologia antes dos concorrentes
- Gente: Valorizar quem faz a roda girar — literalmente
Não à toa, em 2024 a empresa foi eleita uma das melhores para se trabalhar no setor de transportes. Coisa rara, convenhamos, num ramo conhecido por ser tão desgastante.
E o futuro? Bem, se depender da Águia Branca, as próximas décadas prometem. Com planos de expansão para novas rotas e investimentos pesados em sustentabilidade (já estão testando ônibus elétricos), o grupo parece determinado a provar que, no mundo dos negócios, 79 anos é só o começo.
Como diria um motorista veterano da empresa: "A gente já rodou meio Brasil, mas ainda tem estrada sobrando". E depois de quase oito décadas, quem duvida?