
Quem nunca entrou numa Zara ou H&M no Brasil e levou um susto com as etiquetas? A gente fica se perguntando: como um casaco simples pode custar o mesmo que uma prestação do celular? Pois é, meus amigos, a resposta é mais complexa do que parece.
O peso dos impostos na moda
Vamos começar pelo elefante na loja: a carga tributária. Não é brincadeira não. Só de impostos de importação, essas marcas desembolsam até 35% do valor das peças. E tem mais - muito mais. ICMS, PIS, COFINS... é uma salada de siglas que no final das contas quem paga é o consumidor.
Imagina a cena: uma blusa que na Europa custa 20 euros chega aqui com um acréscimo de praticamente 100% só em tributos. Dá vontade de chorar, não dá?
Logística: o pesadelo brasileiro
E não para por aí. O Brasil é continental, e transportar mercadoria de um canto a outro desse país é como participar de uma maratona com obstáculos. Portos congestionados, estradas precárias, burocracia que não acaba mais...
Um executivo do varejo, que prefere não se identificar, me contou uma vez: "Às vezes a roupa fica mais tempo no caminho do que na fábrica". É de cair o queixo!
Estratégia de mercado ou pura ganância?
Aqui vem a parte polêmica. Muitas dessas marcas adotam o que os especialistas chamam de "premiumização" no Brasil. Traduzindo: colocam preços mais altos para criar uma aura de exclusividade.
É aquela velha história - se é caro, deve ser bom, né? Só que no fundo, é a mesma camiseta básica que vendem na Europa por mixaria.
- Estudo do IBRE mostra: produtos importados chegam a ser 120% mais caros aqui
- Margem de lucro das varejistas internacionais no Brasil é até 40% superior à de seus países de origem
- Consumidor brasileiro paga, em média, o dobro pelo mesmo produto
O consumidor no meio do fogo cruzado
E nós, pobres mortais, ficamos no meio dessa guerra de preços. Queremos consumir as tendências globais, mas o bolso não acompanha. Acabamos optando por marcas nacionais ou, pior, deixando de comprar.
Um dado curioso: mesmo com preços altíssimos, o brasileiro não desiste. A Zara, por exemplo, tem fila de abrir as portas em promoções. É o tal do "sofrimento por moda".
Tem solução?
Especialistas apontam que a saída poderia vir de três frentes:
- Redução da burocracia para importação
- Melhoria na infraestrutura logística do país
- Maior competitividade com o fortalecimento de marcas nacionais
Mas convenhamos, isso é projeto para daqui a uns 10 anos, no mínimo. Enquanto isso, vamos continuar fazendo as contas e torcendo por uma promoção milagrosa.
No fim das contas, a gente se pergunta: vale mesmo a pena pagar tão caro por uma etiqueta europeia? Cada um responde com seu próprio cartão de crédito.