O fraco resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre, que avançou apenas 0,1%, confirmou a desaceleração da economia brasileira. No entanto, o que poderia ser um motivo para pessimismo se transformou em combustível para a bolsa de valores. Nesta sexta-feira, 5 de dezembro de 2025, o Ibovespa subiu 1,67%, fechando em um novo recorde histórico de 164.455 pontos.
O índice ainda registrou o maior ganho de pontos em um único pregão, com uma alta de 2.708 pontos. O mercado financeiro, em uma reação típica, ignorou a atividade econômica fraca e celebrou a perspectiva de juros menores no futuro, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos.
Expectativa de corte da Selic anima investidores
O primeiro motor para a alta recorde da bolsa foi interno. Com a economia esfriando de maneira considerada "organizada", aumentou a convicção entre os investidores de que o Banco Central terá espaço para cortar a taxa Selic já na primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de 2026, marcada para o final de janeiro.
Esta leitura é reforçada pela última pesquisa Focus, que revisou para baixo a projeção para a taxa básica de juros. A expectativa do mercado recuou para 14,75% ao ano, ante os 15% atuais. A narrativa que ganhou força foi direta: PIB fraco e inflação em queda abrem caminho para juros mais baixos no horizonte.
Impulso externo com possível corte do Fed
O segundo impulso para o otimismo veio do exterior. Nos Estados Unidos, o mercado elevou as apostas de um corte de juros pelo Federal Reserve (Fed) já na semana seguinte. A mudança de expectativa ocorreu após a divulgação de números mais fracos de emprego e sinais de que a inflação americana está perdendo fôlego.
Se o banco central norte-americano de fato aliviar sua política monetária, o apetite global por ativos de risco tende a aumentar. Nesse cenário, países emergentes como o Brasil são os primeiros a surfar essa onda de liquidez. Nesta sexta-feira, a bolsa brasileira surfou essa onda com força total.
Reações e desdobramentos
O programa Mercado, da emissora, repercutiu as reações ao PIB a partir das 10h desta sexta-feira. A desconexão entre os indicadores reais da economia e o desempenho do mercado financeiro ficou evidente. Enquanto o "pibinho" de 0,1% indica uma economia praticamente estagnada, o humor nos pregões foi de euforia, impulsionado puramente por expectativas futuras.
Esta situação ilustra a complexa dinâmica dos mercados, que frequentemente antecipam movimentos com base em projeções, mesmo quando os dados presentes são desfavoráveis. A atenção agora se volta para as próximas decisões do Copom e do Fed, que devem definir o ritmo dos investimentos nos próximos meses.