Pela primeira vez desde dezembro do ano passado, os economistas do mercado financeiro projetam que a inflação de 2025 ficará abaixo do teto do sistema de metas. A estimativa caiu de 4,55% para 4,46%, segundo o boletim Focus divulgado pelo Banco Central nesta segunda-feira (17).
Queda histórica do IPCA influencia projeções
A revisão nas expectativas ocorreu após a divulgação do IPCA de outubro, que registrou 0,09% - a menor taxa para o mês em 27 anos. O resultado surpreendeu os analistas, que projetavam índice de 0,26% no mês passado.
O desempenho favorável foi influenciado principalmente pela queda de 2,39% no preço da energia elétrica residencial. A redução aconteceu devido à mudança da bandeira tarifária vermelha patamar 2 para o patamar 1, com cobrança extra menor.
Juros elevados e mudanças no BC como fatores determinantes
Outro fator crucial para a contenção inflacionária é o elevado patamar da taxa de juros, atualmente em 15% ao ano - o maior nível em quase 20 anos. De acordo com o Banco Central, as decisões sobre a taxa básica demoram de seis a 18 meses para terem impacto pleno na economia.
A convergência das expectativas para abaixo do teto do sistema de metas em 2025 é resultado de decisões sobre juros tomadas também nos últimos anos. Até o fim de 2024, o Banco Central era chefiado por Roberto Campos Neto, indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.
Em 2025, Gabriel Galípolo, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, assumiu o comando da instituição. A partir deste momento, os indicados por Lula passaram a ser maioria na diretoria do BC.
Projeções para os próximos anos e outros indicadores
As expectativas do mercado para os anos seguintes também mostram trajetória descendente:
- 2026: projeção mantida em 4,20%
- 2027: expectativa estável em 3,80%
- 2028: previsão continua em 3,50%
Para o crescimento do PIB em 2025, a projeção permaneceu estável em 2,16%. Já a estimativa para a taxa básica de juros no fechamento de 2025 se manteve em 15% ao ano, mesmo patamar atual.
Outros indicadores relevantes incluem a projeção para o dólar no fim de 2025, que caiu de R$ 5,41 para R$ 5,40, e a expectativa de superávit na balança comercial em cerca de US$ 62 bilhões.
A melhora nas contas públicas na parcial deste ano também é citada por analistas como fator adicional para a contenção da inflação, representando um alívio para o poder de compra da população, especialmente entre quem recebe salários mais baixos.