Dólar e Ibovespa sob tensão: PIB brasileiro e dados dos EUA ditam ritmo
Mercado em alerta com PIB do Brasil e emprego nos EUA

Os mercados financeiros iniciaram a sessão desta quinta-feira, 4 de janeiro, em um clima de expectativa cautelosa. Os investidores mantêm os olhos fixos em dois polos de atenção: os dados econômicos domésticos, com a divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro do terceiro trimestre pelo IBGE, e o cenário internacional, marcado pelos indicadores do mercado de trabalho dos Estados Unidos. Enquanto isso, tensões no campo político nacional também entram na pauta.

O cenário nacional: PIB e decisões do STF em foco

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) traz à tona hoje um dos números mais aguardados: o desempenho da economia brasileira entre julho e setembro. A previsão dos analistas aponta para um crescimento modesto de 0,2% em relação ao trimestre anterior. Esse resultado seguiria os avanços de 0,4% e 1,3% registrados nos dois primeiros trimestres do ano. Na comparação com o mesmo período do ano passado, a expectativa é de uma alta de 1,7%.

Este indicador é crucial porque pode moldar as expectativas sobre o futuro ciclo monetário do Banco Central. Um PIB mais robusto poderia postergar o início dos cortes na taxa Selic, enquanto um número mais fraco aceleraria os pedidos por um afrouxamento da política monetária.

Paralelamente, o ambiente político ganhou um novo capítulo. A decisão do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de restringir a propositura de pedidos de impeachment de ministros da Corte ao Procurador-Geral da República elevou o tom do embate entre os Poderes, adicionando uma camada de incerteza institucional ao dia.

A pressão externa: emprego nos EUA e o futuro dos juros do Fed

Do outro lado do hemisfério, os Estados Unidos também oferecem dados decisivos. Serão divulgados nesta quinta-feira os pedidos iniciais de seguro-desemprego, com uma projeção de cerca de 220 mil novas solicitações. Os números do mercado de trabalho norte-americano vêm sendo escrutinados como o último sinal importante antes da reunião do Federal Reserve (Fed) na próxima semana.

Dados divulgados na quarta-feira (3) pelo relatório da ADP já acenderam um sinal amarelo. O setor privado dos EUA surpreendeu negativamente ao eliminar 32 mil postos de trabalho em novembro, um resultado muito abaixo da expectativa de criação de 10 mil vagas e uma forte desaceleração em relação ao ganho revisado de 47 mil empregos em outubro.

Essa fraqueza reforçou a percepção de que o Fed deve reduzir sua taxa de juros na reunião da semana que vem. O indicador FedWatch, do CME Group, passou a precificar uma probabilidade de 88,8% de um corte de 0,25 ponto percentual. Atualmente, os juros americanos estão na faixa de 3,75% a 4%.

Este contexto ainda resvala na política. O presidente Donald Trump tem criticado publicamente o atual chefe do Fed, Jerome Powell, por considerar os juros ainda altos. Com o mandato de Powell se aproximando do fim, há especulações no mercado sobre uma possível perda de independência da autoridade monetária caso um nome alinhado às demandas de Trump assuma o comando.

Como reagiram os mercados?

Na sessão anterior, os dados mais fracos dos EUA já provocaram movimentos significativos. Em Wall Street, os principais índices fecharam em alta: o Dow Jones subiu 0,86%, o S&P 500 avançou 0,35% e o Nasdaq teve ganho de 0,17%.

As bolsas europeias e asiáticas, no entanto, apresentaram desempenho misto, refletindo preocupações específicas de cada região, como a desaceleração do setor de serviços na China.

No Brasil, os números acumulados mostram tendências opostas para câmbio e bolsa:

  • Dólar: Acumula queda de 0,42% na semana e no mês. No ano, a desvalorização frente ao real chega a expressivos 14,03%.
  • Ibovespa: Acumula alta de 1,69% na semana e no mês. No acumulado do ano, o principal índice da B3 disparou 34,48%.

O dia será de definições. O PIB brasileiro trará o termômetro da economia local, enquanto os dados de emprego dos EUA darão a última palavra antes da decisão do Fed. A combinação desses fatores deve ditar o ritmo do dólar e do Ibovespa, em um jogo de forças entre o interno e o externo que define os rumos do mercado financeiro.