O mercado financeiro revisou para baixo sua expectativa para a inflação oficial de 2025, refletindo o impacto da recente queda nos preços da energia elétrica. A projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) passou de 4,45% para 4,43%, conforme o Boletim Focus divulgado pelo Banco Central nesta segunda-feira, 1º de dezembro.
Queda histórica em outubro puxa revisão
Esta é a terceira semana consecutiva de redução na previsão, um movimento impulsionado pelo resultado do IPCA de outubro. O índice oficial fechou o mês em 0,09%, a menor variação para um mês de outubro desde 1998, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O principal fator por trás dessa desaceleração foi a redução nas tarifas de energia elétrica. Em comparação, em setembro o IPCA havia sido de 0,48%, e em outubro de 2024, de 0,56%.
Com esse resultado, a inflação acumulada em 12 meses chegou a 4,68%, ficando abaixo de 5% pela primeira vez em oito meses. A nova projeção de 4,43% para o ano coloca a estimativa dentro do intervalo da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 3% com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.
Projeções para os próximos anos e cenário dos juros
O relatório Focus também trouxe as expectativas do mercado para os anos seguintes. Para 2026, a previsão da inflação variou de 4,18% para 4,17%. Já para 2027 e 2028, as projeções são de 3,8% e 3,5%, respectivamente.
No front da política monetária, a taxa básica de juros (Selic), atualmente definida em 15% ao ano, deve permanecer neste patamar até o final de 2025, na avaliação dos analistas. O Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a taxa pela terceira vez seguida em sua última reunião, em novembro, citando a desaceleração da inflação e da atividade econômica.
No entanto, o Banco Central sinalizou cautela. Em comunicado, a autarquia destacou que o ambiente externo permanece incerto devido à conjuntura econômica e política dos Estados Unidos, com reflexos globais. Internamente, mesmo com a economia mais fraca, a inflação segue acima da meta, indicando que os juros devem se manter elevados por um tempo prolongado.
O que esperar da Selic no futuro?
As projeções do mercado para a taxa Selic nos próximos anos são as seguintes:
- Fim de 2026: Expectativa de queda para 12% ao ano.
- Fim de 2027: Previsão de redução para 10,5% ao ano.
- Fim de 2028: Projeção de nova queda para 9,5% ao ano.
O mecanismo da Selic é o principal instrumento do BC para controlar a inflação. Quando a taxa sobe, o crédito fica mais caro, o que desacelera o consumo e a demanda aquecida, ajudando a conter os preços. Por outro lado, juros mais altos podem dificultar a expansão da economia. Uma eventual redução futura da Selic tende a baratear o crédito, estimulando a produção e o consumo, mas exigindo cuidado para não reacender pressões inflacionárias.