O mercado acionário brasileiro escreveu um novo capítulo em sua história nesta terça-feira, 2 de dezembro de 2025. O Ibovespa, principal indicador de desempenho das ações negociadas na B3 (Bolsa de Valores de São Paulo), encerrou o pregão em forte alta de 1,56%, rompendo a barreira psicológica dos 160 mil pontos pela primeira vez.
Fatores Internos: Produção Industrial e Otimismo com Bancos
O movimento de alta representou uma recuperação clara da aversão ao risco que havia marcado a sessão anterior. No front doméstico, os investidores digeriram os dados da produção industrial de outubro, divulgados pelo IBGE. O setor apresentou um crescimento modesto de 0,1% no mês, ficando abaixo da expectativa média do mercado, que era de 0,4%. Na comparação com outubro de 2024, houve uma retração de 0,5%.
Para o economista-chefe da Forum Investimentos, Bruno Perri, o resultado reforçou a percepção de desaceleração da atividade econômica. "Isso colaborou para o fechamento das curvas de juros por aqui e impulsionou o Ibovespa", analisou o especialista.
Outro evento de destaque foi o Dia do Investidor da Vale. A mineradora anunciou a redução de suas projeções de produção (guidance), sinalizando um planejamento menos agressivo. Na visão de Perri, essa decisão trouxe ao mercado a percepção de que o fluxo de caixa e, principalmente, a distribuição de dividendos da companhia podem se tornar mais robustos nos próximos trimestres.
O setor bancário acompanhou de perto a valorização do índice. As ações apresentaram desempenho positivo:
- Itaú (ITUB4): valorização de 2,23%.
- Bradesco (BBDC3 e BBDC4): altas de 0,90% e 0,98%, respectivamente.
- Santander (SANB11): avanço de 2,62%.
- Banco do Brasil (BBAS3): alta de 1,35%.
Cenário Externo: O Silêncio Eloquente do Fed
O ambiente internacional também contribuiu para o otimismo. O presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, se pronunciou na noite de segunda-feira, mas não fez comentários diretos sobre a política monetária dos Estados Unidos. Para Bruno Perri, esse silêncio foi suficiente para que os especialistas mantivessem as apostas em um afrouxamento da taxa básica de juros americana na próxima reunião do comitê de política monetária, ainda em dezembro.
A expectativa de que os juros nos EUA comecem a cair em breve alimenta o apetite por ativos de risco em mercados emergentes, como o brasileiro, tornando as ações locais mais atraentes.
Moeda e Conclusão
Enquanto a bolsa subia, o dólar apresentava movimento oposto. A moeda norte-americana recuou frente ao real e foi negociada a R$ 5,32 no fechamento.
O dia ficou marcado, portanto, pela combinação de fatores internos e externos favoráveis. A leitura de desaceleração econômica no Brasil, que mantém as expectativas de um cenário de juros baixos por aqui, somou-se ao otimismo global com a possível virada do ciclo de aperto monetário nos Estados Unidos. Essa conjuntura permitiu ao Ibovespa não apenas se recuperar das perdas do dia anterior, mas também conquistar um patamar inédito, consolidando um momento de forte confiança dos investidores no mercado acionário brasileiro.