O principal índice da bolsa brasileira, o Ibovespa, apresentava um movimento lateral na manhã desta sexta-feira, 5 de dezembro de 2025. Sem uma direção clara, o mercado aguardava a divulgação de um dado crucial da economia norte-americana para definir os próximos passos.
Expectativa pelo PCE americano domina o humor
O foco dos investidores estava totalmente voltado para o Índice de Preços para Despesas com Consumo Pessoal (PCE) dos Estados Unidos, marcado para ser divulgado ainda nesta sexta. Este indicador é o preferido pelo Federal Reserve (Fed), o banco central americano, para avaliar a inflação e, consequentemente, traçar sua política de juros.
Por volta das 11h30, o Ibovespa registrava uma queda mínima de 0,02%, cotado a 164.427 pontos. A agenda econômica local vazia contribuía para a cautela, com agentes conservadores ajustando posições e reduzindo a chance de uma tendência mais definida no curto prazo.
Bruno Benassi, analista de Ativos na Monte Bravo, destacou a relevância do dado americano. "Os números do PCE são fundamentais para o mercado confirmar suas expectativas sobre um possível corte de juros pelo Fed em 2026", explicou.
Hapvida desponta no lado negativo; Braskem, no positivo
Entre os papéis individuais, os destaques foram opostos. As ações da Hapvida (HAPV3) lideravam as quedas, recuando 1,86%, a R$ 15,26. Segundo Benassi, a pressão ocorre em meio a um julgamento na Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) sobre um reconhecimento contábil feito pela empresa dentro de um acordo.
O analista relacionou o movimento aos desafios operacionais da companhia, que no terceiro trimestre de 2025 reportou uma sinistralidade de 75,2%, um avanço de 1,4 ponto percentual frente ao mesmo período de 2024. "A ANS discute esse acordo no balanço em meio aos problemas de baixa rentabilidade e alta sinistralidade", afirmou.
Na ponta positiva, as ações da Braskem (BRKM5) subiam 1,53%, negociadas a R$ 7,94. O otimismo, conforme Benassi, está ligado à expectativa de troca de controle da petroquímica, com a gestora IG4 devendo assumir o comando no lugar dos bancos.
Cenário para o Ibovespa e o movimento do dólar
Angelo Belitardo, gestor da Hike Capital, avalia que o Ibovespa deve continuar operando em patamares elevados, sustentado pela expectativa de cortes de juros e por um fluxo positivo para mercados emergentes. No entanto, ele alerta para uma maior volatilidade. "O índice tende a mostrar mais oscilações, com chance de realização de lucros após as fortes altas recentes", disse.
Belitardo complementou que, se o cenário externo permanecer favorável e a percepção sobre a política fiscal doméstica se mantiver estável, o índice preserva um viés construtivo.
No mercado de câmbio, o dólar registrava uma leve alta. Por volta das 11h30, a moeda norte-americana subia 0,42%, cotada a R$ 5,33.
Felipe Sant'Anna, especialista do grupo Axia Investing, comentou que a moeda opera em um "zero a zero" enquanto o mercado espera os dados de inflação. "Os números podem trazer mais apetite ao longo do dia", ponderou.
Ele lembrou que parte do mercado já precifica reduções de juros tanto no Brasil quanto nos EUA. Enquanto alguns apostam em um corte no Brasil já em janeiro, outros projetam março como data mais provável. "Entendo que o BC deve cortar juros em março após as falas duras da autoridade monetária no começo desta semana", reforçou Sant'Anna.
Gustavo Moreira, planejador financeiro, acrescentou que, se as expectativas de corte se confirmarem e a confiança no cenário interno se mantiver, há espaço para uma nova acomodação e queda na cotação do dólar. "Acredito que o cenário é bem otimista para a moeda com a proximidade da Super Quarta na próxima semana", concluiu, referindo-se à reunião do Copom.