Ibovespa bate novo recorde após PIB de 0,1% e expectativa de corte de juros
Ibovespa atinge 164,4 mil pontos com expectativa de corte de juros

O principal índice da bolsa de valores brasileira, o Ibovespa, fechou esta quinta-feira, 4 de dezembro de 2025, em forte alta e estabeleceu um novo recorde histórico. O desempenho ocorre em um dia marcado pela divulgação de um crescimento mínimo do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre, que animou os investidores em relação ao futuro dos juros no país.

Mercado reage a dados econômicos e mira decisões de política monetária

O Ibovespa encerrou o pregão com uma valorização expressiva de 1,67%, alcançando a marca inédita de 164,4 mil pontos. Em contraste, o dólar comercial mostrou estabilidade, sendo negociado a R$ 5,30. O movimento de alta na bolsa é impulsionado pelas expectativas de que os principais bancos centrais do mundo, especialmente o dos Estados Unidos e o do Brasil, iniciem um ciclo de afrouxamento monetário.

Os olhos do mercado financeiro global estão voltados para a chamada "Superquarta", que acontecerá em 10 de dezembro. Nessa data, o Federal Reserve (Fed) norte-americano e o Banco Central do Brasil (BCB) anunciarão suas decisões sobre as taxas de juros. Nos EUA, a probabilidade de um corte na reunião do Fomc é estimada em 89% pelos especialistas, conforme dados do CME FedWatch Tool, impulsionada por sinais de desaceleração no mercado de trabalho.

PIB tímido do 3º trimestre aumenta apostas em corte da Selic

O dado doméstico que alimentou o otimismo nesta quinta foi o crescimento do PIB brasileiro referente ao terceiro trimestre de 2025, que variou apenas 0,1% em relação ao trimestre anterior. A leitura de desaceleração da economia fortaleceu as projeções de que o Comitê de Política Monetária (Copom) possa reduzir a taxa Selic já em janeiro de 2026, mesmo com o tom conservador mantido pelo presidente do BCB, Gabriel Galípolo.

Para o CEO do conglomerado financeiro Multiplike, Volnei Eyng, a Selic elevada tem um impacto direto na atividade econômica. "A taxa Selic elevada pesa diretamente sobre o consumo das famílias e os investimentos das empresas, reduzindo o ritmo de gastos e freando a expansão econômica", afirmou. Ele complementa que juros altos encarecem o financiamento de projetos e limitam a liquidez do mercado, fatores que ajudam a explicar o resultado modesto do PIB.

Bancos lideram alta e estratégia de dividendos ganha destaque

No mercado de ações, os papéis dos grandes bancos acompanharam a valorização do índice geral. Destaque para o Itaú Unibanco (ITUB4), que subiu 2,46%. O Banco do Brasil (BBAS3) avançou 1,74%, enquanto o Bradesco (BBDC3 e BBDC4) registrou altas de 1,10% e 1,42%, respectivamente. O Santander Brasil (SANB11) fechou com ganho de 1,02%.

O especialista em renda variável da Manchester Investimentos, Rubens Cittadin Neto, apontou outro fator por trás do bom desempenho da bolsa: a distribuição de dividendos. Segundo ele, muitas empresas estão antecipando ou aumentando os pagamentos aos acionistas como uma estratégia para "fugir da tributação", o que atrai investidores em busca de renda e impulsiona a demanda pelas ações.

O cenário combina, portanto, expectativas internacionais favoráveis com sinais domésticos de desaceleração que pressionam por um alívio nos juros. O mercado aguarda agora as decisões da próxima semana para confirmar se a trajetória de recordes do Ibovespa tem combustível para continuar.