O mercado brasileiro acordou nesta sexta-feira, 21 de novembro de 2025, dividido entre sentimentos de alívio e apreensão. De um lado, uma decisão surpresa da Casa Branca trouxe ventos favoráveis para exportadores nacionais. Do outro, a cautela do Federal Reserve manteve o clima de incerteza no cenário global.
Presente de Washington para o Brasil
Em um gesto que pegou muitos de surpresa, o governo norte-americano anunciou na noite de quinta-feira a retirada da sobretaxa de 40% sobre importantes produtos brasileiros. A medida beneficia setores estratégicos da nossa pauta de exportações, incluindo café e carne.
Para o governo Lula, a decisão chega em momento oportuno e representa uma significativa vitória diplomática. Analistas interpretam o movimento como um presente adiantado de Thanksgiving que deve aquecer as relações comerciais entre os dois países.
Nvidia entrega o que Wall Street esperava
No front tecnológico, a Nvidia protagonizou uma das notícias mais positivas da semana. A gigante da inteligência artificial apresentou resultados que superaram as expectativas do mercado, demonstrando crescimento robusto e demanda sustentada por seus produtos.
Os números da empresa acalmaram investidores que temiam que o boom da IA pudesse representar uma bolha prestes a estourar. Como destacou o planejador financeiro Marcelo Bolzan no Programa Mercado: "o medo era um resultado apenas bom parecer fraco demais" - cenário que felizmente não se concretizou.
Fed joga água fria no otimismo
Entretanto, o alívio proporcionado pela Nvidia e pela decisão tarifária dos EUA não foi suficiente para dissipar completamente as nuvens no horizonte econômico. O Federal Reserve segue como o grande fantasma assombrando os investidores.
Após semanas de paralisia devido ao longo shutdown americano, o mercado voltou sua atenção para cada declaração do banco central. A conclusão, por enquanto, não anima: as apostas de manutenção dos juros em dezembro ganharam força.
Marcelo Bolzan classificou o cenário como um verdadeiro "banho de água fria" para quem ainda alimentava esperanças de cortes de juros em 2025. Com estatísticas atrasadas sobre emprego e atividade econômica, os agentes de mercado operam praticamente no escuro, sem o farol de dados confiáveis que usualmente orientam suas decisões.
Balanço da semana: alívio passageiro
O resumo da semana desenha um quadro de contrastes. A Casa Branca e a Nvidia conseguiram salvar o dia, mas não salvaram o clima geral dos mercados. A mensagem que fica é clara: quando o Fed decide tirar o sorriso do investidor, nem mesmo a empresa mais querida do setor de IA ou gestos de benevolência tarifária conseguem sustentar totalmente o ânimo do mercado.
O episódio serve como lembrete de que, na economia global interconectada, boas notícias setoriais frequentemente precisam enfrentar o desafio de ventos contrários em outras frentes. A pergunta que permanece é: será que a combinação de fatores positivos será suficiente para manter a trajetória de recuperação econômica?