O mercado financeiro brasileiro teve uma reação negativa e quase instantânea nesta sexta-feira, 5 de dezembro de 2025, após a confirmação da candidatura do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) à Presidência da República nas eleições de 2026. A notícia, que começou a circular por volta das 13h, acelerou uma queda já existente no principal índice da bolsa de valores e fez o dólar comercial disparar.
Queda Livre nos Índices e Disparada Cambial
O impacto foi sentido em tempo real nos pregões. O Ibovespa, que havia aberto o dia acima dos 164 mil pontos, entrou em uma trajetória de queda livre. Por volta das 16h31, o principal índice da B3 já havia rompido a barreira dos 158 mil pontos, acumulando uma perda de quase 4% no dia.
No mercado de câmbio, o movimento foi de alta acelerada. O dólar comercial, que operava com leve valorização no início da sessão, ganhou força após o anúncio. Às 16h57, a moeda norte-americana era negociada a R$ 5,43, uma alta expressiva de 2,33%. O ápice do dia foi atingido às 16h01, quando a cotação chegou a R$ 5,48.
A Surpresa do Mercado e o Favorito Tarcísio
A decisão de Flávio Bolsonaro, indicada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e confirmada ao veículo VEJA pelo presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, pegou os investidores de surpresa. Até então, a aposta majoritária na Faria Lima recaía sobre outra figura.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), era considerado o candidato preferido do mercado financeiro. Visto como um "bolsonarista moderado" com orientação mais liberal na economia, Tarcísio conquistou a simpatia dos investidores com medidas emblemáticas à frente do Palácio dos Bandeirantes, como o avanço na privatização da Sabesp e a terceirização parcial de serviços educacionais no estado.
Preferência de Mercado e Projeções Eleitorais
Além do alinhamento ideológico com as expectativas do mercado, Tarcísio de Freitas também apresenta números mais robustos nas pesquisas eleitorais contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Um levantamento da AtlasIntel divulgado na última terça-feira, 2 de dezembro, mostra que o governador teria 32,5% das intenções de voto no primeiro turno, contra 48,4% de Lula. No segundo turno, a projeção indica um empate técnico entre os dois.
Em contraste, a mesma pesquisa coloca Flávio Bolsonaro em desvantagem significativa. O senador apareceria com 23,1% no primeiro turno, frente a 47,3% do atual presidente, ficando atrás até mesmo da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, que pontuaria 28,6% no cenário hipotético.
A reação abrupta dos indicadores financeiros sinaliza a frustração imediata de um setor que valoriza previsibilidade e demonstra clara preferência por um perfil considerado mais técnico e menos volátil no cenário político-econômico. O episódio deixa claro o peso que as movimentações pré-eleitorais já carregam na avaliação de risco dos agentes financeiros, mais de um ano antes das eleições.
