Os mercados financeiros internacionais registraram nesta terça-feira, 16 de dezembro de 2025, uma queda histórica nos preços do petróleo. O barril de Brent, referência global, caiu quase 3%, para US$ 58,81, marcando seu valor mais baixo desde 5 de maio. É a primeira vez desde o início da pandemia de Covid-19 que a commodity não fecha abaixo da barreira psicológica de US$ 60.
Pressão Geopolítica e Logística
O movimento de baixa reflete, principalmente, as expectativas de um acordo de paz entre Rússia e Ucrânia. Na segunda-feira, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que um entendimento para encerrar o conflito está "mais próximo do que nunca". Embora autoridades europeias destaquem que questões territoriais ainda são um obstáculo, o mercado reagiu à possibilidade.
Analistas apontam que um acordo teria um impacto imediato, permitindo que o petróleo russo retome suas rotas logísticas históricas, atualmente alongadas e custosas devido às sanções internacionais. Um relatório do Morgan Stanley estima que dezenas, ou até centenas, de milhões de barris poderiam retornar ao mercado com mais fluidez caso as rotas longas deixem de ser necessárias.
Queda Sustentada e Excesso de Oferta
O recuo de hoje não é um evento isolado. O Brent acumula cinco meses consecutivos de perdas, sua maior sequência negativa em 11 anos. Em 2025, o preço já caiu cerca de US$ 20 por barril, pressionado por temores de um grande desequilíbrio entre oferta e demanda.
Segundo a Agência Internacional de Energia (IEA), a produção mundial de petróleo aumentou em 3 milhões de barris por dia apenas em 2025. O crescimento foi impulsionado tanto por países da Opep quanto por produtores fora do bloco, como Estados Unidos, Canadá, Brasil e Argentina.
Apesar de ajustes nos planos da Opep e de reduções pontuais, como as causadas por sanções à Rússia e Venezuela em novembro, a projeção para 2026 é de um cenário ainda mais abundante. A IEA prevê um excedente médio de 3,7 milhões de barris por dia no próximo ano, volume superior ao observado durante o auge da pandemia.
Análise e Perspectivas Cautelosas
Especialistas, no entanto, alertam que o mercado pode estar se antecipando aos fatos. A consultoria Energy Aspects declarou não esperar um "acordo de paz rápido", mas classificou as negociações como o maior fator geopolítico incerto para o mercado atualmente, especialmente no período de Natal e Ano Novo, quando o volume de negociações costuma ser baixo.
Nos Estados Unidos, o West Texas Intermediate (WTI) também recuou 3%, sendo negociado a US$ 55,09, seu patamar mais baixo desde o início de 2021. A combinação entre a possibilidade de normalização geopolítica e a forte expansão da oferta global continua a pesar sobre os preços, indicando que a volatilidade deve permanecer alta nos próximos meses.