Bradesco mantém previsão de corte da Selic em janeiro de 2026
Bradesco prevê corte da Selic em janeiro

O departamento de Pesquisas Econômicas do Bradesco reafirmou, nesta terça-feira (16/12/2025), sua expectativa de que o Banco Central possa iniciar o ciclo de cortes da taxa Selic já na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para os dias 27 e 28 de janeiro. A análise foi feita com base na ata da reunião de 10 de dezembro, quando a taxa básica de juros foi mantida em 15% ao ano.

Leitura otimista do cenário inflacionário

Segundo o banco, o documento divulgado pelo Copom trouxe uma reavaliação relevante do cenário, transmitindo maior confiança na eficácia da estratégia monetária adotada até agora. O Bradesco avalia que a política conservadora está redirecionando a inflação para o centro da meta, com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) já projetado para fechar o ano abaixo do teto de 4,50%.

"O quadro descrito pelo Comitê está alinhado à nossa leitura da conjuntura", afirma o relatório. "Não sinaliza explicitamente o início imediato do ciclo de cortes, mas mantém aberta a possibilidade de corte em janeiro, como previsto em nosso cenário".

Projeções e divergências com o mercado

A projeção do Bradesco é de um corte inicial de 0,25 ponto percentual na Selic em janeiro, com a taxa básica encerrando o ano de 2026 em 12,0%. Esta visão contrasta com a última Pesquisa Focus, divulgada na segunda-feira (15/12), que não prevê queda em janeiro e aposta em uma Selic final de 12,25% no próximo ano.

O banco destaca que o Banco Central atualizou sua avaliação, apontando fatores que indicam um cenário mais positivo para a inflação. Entre eles, estão um cenário internacional menos incerto, com condições financeiras favoráveis e preços de commodities contidos, e uma desaceleração da atividade econômica em linha com o esperado.

Mudanças na dinâmica interna e expectativas

Um ponto fundamental destacado pela análise é que o consumo perdeu força, fator considerado crucial para a redução da inflação. No mercado de trabalho, o Copom observou "sinais incipientes de desaquecimento", com uma inflexão na ocupação que só não elevou o desemprego devido à redução na taxa de participação.

O Bradesco também interpretou como positiva a mudança de tom do BC em relação às expectativas de inflação. Embora o Comitê mantenha a avaliação de que expectativas desancoradas representam um custo para o processo de desinflação, retirou a afirmação anterior de que essa situação era um "fator de desconforto para todos os membros" e devia ser combatida. Para o banco, isso sugere que as expectativas não serão um impeditivo para o início do ciclo de afrouxamento monetário.

Uma política dependente dos dados

A análise do Bradesco ressalta que a inclusão do termo "nesta reunião" na ata, ao afirmar que a manutenção da Selic em 15% por período prolongado seria adequada para fazer a inflação convergir à meta, é um sinal importante. Isso indica que o Copom seguirá dependente dos dados e reavaliará sua estratégia a cada encontro para definir a taxa de juros, mantendo a flexibilidade para ajustes.

O banco finaliza sua síntese reafirmando a expectativa de corte em janeiro, baseada na maior confiança do BC na trajetória de convergência da inflação e no alinhamento do cenário descrito na ata com sua própria leitura da economia brasileira.