
O que está acontecendo com o mercado de trabalho no Sul de Minas? A pergunta que não quer calar ganhou números concretos - e preocupantes - neste final de setembro. Os dados oficiais do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) trouxeram um balde de água fria para a região: agosto fechou com um saldo negativo assustador de 43.091 vagas com carteira assinada.
Parece que a tal recuperação econômica ainda não chegou por essas bandas. O baque foi forte, muito forte mesmo. Quando você para para pensar, são mais de quarenta mil famílias impactadas diretamente por essa sangria no mercado formal.
Os números que preocupam
Vamos aos detalhes que doem: o balanço geral do emprego formal na região sul-mineira mostrou 105.891 admissões contra 148.982 demissões. A matemática é cruel - e não mente. Isso significa que para cada duas pessoas conseguindo um emprego novo, quase três estavam perdendo o seu.
O pior? Essa não é uma situação isolada. Se olharmos para o acumulado do ano, a situação continua complicada. De janeiro a agosto, o saldo ainda permanece negativo em 6.477 postos de trabalho. Parece pouco perto do número de agosto, mas cada um desses números tem rosto, história e contas para pagar.
Setor a setor: onde o baque foi mais forte
Alguns ramos sofreram mais que outros - e muito mais. O comércio, tradicionalmente um dos maiores empregadores, liderou essa triste estatística com 12.694 vagas a menos. Logo atrás veio a indústria de transformação, perdendo 7.925 postos. Até a agricultura, que sempre foi a menina dos olhos da região, não escapou ilesa.
Mas calma, nem tudo são más notícias. Alguns setores conseguiram nadar contra a corrente. Serviços industriais de utilidade pública, administração pública e até atividades financeiras apresentaram números positivos. Poucos, é verdade, mas pelo menos mostram que nem todos os setores estão no mesmo barco afundando.
E agora, o que esperar?
Especialistas que acompanham o mercado regional estão com o pulso na ferida. Eles apontam que vários fatores podem estar por trás desse desempenho - desde a sazonalidade até questões estruturais mais profundas. O certo é que setembro vai ser decisivo para entender se foi apenas um susto passageiro ou o início de uma tendência mais preocupante.
Enquanto isso, nas ruas das cidades do Sul de Minas, a realidade bate à porta. Restaurantes com menos movimento, comércios com clientes mais contados, e aquela sensação de que o dinheiro está circulando menos. Coisa que qualquer morador percebe no dia a dia, muito antes dos números oficiais confirmarem.
O que virá pelos próximos meses? Só o tempo - e os próximos boletins do Caged - dirão. Mas uma coisa é certa: a região, conhecida por sua força econômica diversificada, vai precisar se reinventar mais uma vez para superar esse desafio.