O mercado de trabalho brasileiro atingiu um marco histórico no trimestre encerrado em outubro, com a taxa de desemprego registrando o menor nível desde o início da série histórica do IBGE em 2012. Os dados divulgados nesta sexta-feira (28) mostram uma economia em aquecimento, com crescimento do emprego formal e da renda dos trabalhadores.
Números que impressionam
Segundo o IBGE, a taxa de desemprego ficou em 5,4% no período de agosto a outubro, representando a menor marca em 14 anos. Em números absolutos, apenas 5,9 milhões de pessoas estão desempregadas no país, uma redução de quase 12% em comparação com o mesmo período de 2024.
O cenário positivo se reflete também no setor formal: o número de empregados com carteira assinada no setor privado superou 39 milhões, um aumento de quase 1 milhão de trabalhadores formais em relação ao ano anterior. Paralelamente, a taxa de informalidade apresentou queda significativa.
Histórias reais de sucesso
Por trás dos números, há histórias como a de Ingrid Cristina de Oliveira, que experimentou na prática a aquecida demanda por mão de obra. "Era vendedora, mas queria trabalhar em restaurante. Procurei emprego e achei três. Tinham duas ofertas ao mesmo tempo", relata a agora auxiliar de restaurante.
Emanuel Santos de Oliveira, garçom há seis meses no mesmo estabelecimento, também sentiu os efeitos do mercado favorável. "Já tive duas propostas para trabalhar em outros lugares. É uma área que está bem, está sendo bem procurada", conta o profissional, que recentemente recebeu uma promoção com aumento de 60% no salário.
Renda em alta e cenário econômico
A renda média do trabalhador brasileiro atingiu R$ 3.528, um aumento nominal de R$ 131 em relação ao mesmo período do ano passado. Esse crescimento ocorre mesmo em um contexto de juros elevados, que tradicionalmente freiam a atividade econômica.
Rodolpho Tobler, economista, explica que "a própria desaceleração da economia tem sido chamada de um pouso suave" porque "o consumo está sendo impactado por esse mercado de trabalho" aquecido. No entanto, ele alerta para desafios estruturais: "A gente ainda tem uma informalidade muito grande no mercado de trabalho brasileiro, e uma renda média que, por mais que tenha crescido, não é tão elevada assim".
Os especialistas classificam a situação atual como de pleno emprego, onde a maioria dos desempregados está em transição entre ocupações ou buscando vagas específicas que atendam às suas expectativas profissionais.