Tesouro barra empréstimo de R$ 20 bi aos Correios por juros altos
Tesouro nega aval a empréstimo dos Correios por juros

O Tesouro Nacional negou seu aval para um empréstimo crucial de R$ 20 bilhões solicitado pelos Correios. O motivo central foi a recusa em garantir uma operação com juros considerados excessivos, superiores ao patamar definido pelo próprio órgão federal. A informação foi confirmada em comunicado interno da estatal aos funcionários na noite de sexta-feira, 5 de julho.

Crise financeira e a busca por recursos

Em um balanço dos primeiros 60 dias de gestão, a direção dos Correios detalhou medidas para reestruturar a empresa e reforçou a necessidade urgente de R$ 20 bilhões para manter as operações. Segundo o comunicado, parte dos recursos seria necessária já em 2025, e o restante em 2026.

A estatal informou que negociou uma operação de crédito e a encaminhou para análise da Secretaria do Tesouro Nacional (STN), órgão responsável por fornecer a garantia soberana. No entanto, não houve evolução devido a uma discordância da STN em relação às condições financeiras, especialmente os juros, propostas pelos bancos.

O impasse das taxas de juros e a alternativa do aporte

O Tesouro estabeleceu um limite para a concessão de sua garantia: operações com juros superiores a 120% do CDI. As propostas apresentadas pelos bancos para emprestar aos Correios ultrapassavam esse teto, o que levou a STN a negar o aval.

Diante do impasse, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, admitiu publicamente na quinta-feira, 4 de julho, uma alternativa. "Pode haver [aporte], pode ser", disse ele, quando questionado sobre a possibilidade de um repasse direto de recursos do Tesouro para socorrer os Correios.

Contudo, Haddad foi enfático ao condicionar qualquer medida à aprovação prévia de um plano de recuperação da empresa. "Nós não vamos fazer um aporte sem o plano de recuperação aprovado", afirmou. Ele também ressaltou que, se houver aporte, ele ocorrerá "dentro das regras atuais" do arcabouço fiscal.

Negociações em andamento e futuro incerto

O comunicado dos Correios afirma que "outras alternativas para solução dessa questão estão sendo construídas em parceria entre os Correios e o Tesouro". A direção da empresa destacou que a busca por recursos envolve um diálogo técnico contínuo e que estão sendo discutidos ajustes nas condições para encontrar uma proposta mais equilibrada e com menor custo.

O foco imediato, segundo a estatal, é garantir liquidez e alinhar qualquer solução financeira ao Plano de Reestruturação em desenvolvimento, que servirá de base técnica para as decisões. A situação coloca os Correios em um cenário de incerteza, pressionando a atual gestão e o governo federal a encontrarem uma saída viável para a crise financeira da empresa de logística centenária do país.