O Conselho Monetário Nacional (CMN) decidiu adotar medidas rigorosas para fortalecer a segurança do sistema financeiro brasileiro após a crise do Banco Master, que deve resultar no maior pagamento da história do Fundo Garantidor de Créditos (FGC).
O que levou às novas regras
Os primeiros sinais de problemas no Banco Master surgiram em março de 2025, quando houve uma tentativa frustrada de venda para o Banco de Brasília. A situação se agravou até que, em agosto do mesmo ano, o CMN convocou uma reunião extraordinária para tratar do caso.
O FGC, que é mantido com recursos dos próprios bancos para proteger clientes em casos de intervenção ou quebra, já atuou em 40 casos ao longo de 30 anos. Porém, o resgate aos investidores do Banco Master deve bater recorde: R$ 41 bilhões serão distribuídos entre quem tinha aplicações de até R$ 250 mil.
As principais mudanças anunciadas
As novas regras, que passam a valer em junho de 2026, representam uma resposta direta às práticas agressivas do Master para captar recursos. O mercado financeiro interpretou as medidas como um freio a modelos de negócios considerados excessivamente arriscados.
Três pilares das novas regulamentações
Contribuição extra dobrada: instituições consideradas mais arriscadas terão que pagar uma taxa maior ao FGC, que salta de 0,01% para 0,02% sobre o total dos depósitos protegidos pelo fundo.
Gatilho antecipado: atualmente, os bancos pagam essa taxa extra quando os depósitos cobertos pelo FGC atingem 75% do permitido. Com as novas regras, essa cobrança começa mais cedo, aos 60%.
Mais títulos públicos, menos risco: quando os recursos da instituição ultrapassarem mais de dez vezes seu patrimônio líquido, o excedente deverá ser investido em títulos públicos federais, considerados mais seguros.
Opinião de especialistas
O economista Alexandre Chaia, professor do Insper, avalia positivamente as medidas. "São várias regrinhas que vão sendo aperfeiçoadas para resolver o problema, para evitar que tenha um segundo Banco Master", afirmou.
Chaia reconhece que outros problemas podem surgir no futuro, mas acredita que "esses problemas específicos eu acho que não vamos ter mais". A expectativa é que as novas regras funcionem como um freio eficaz, impedindo que instituições usem todo o dinheiro em operações de alto risco.
As medidas representam um marco na regulação do sistema financeiro brasileiro, buscando equilibrar a necessária inovação com a imprescindível segurança para investidores e poupadores.