
Numa tarde que parecia destinada ao tédio financeiro, o Ibovespa decidiu brincar de gangorra — subiu, desceu e no final ficou praticamente no mesmo lugar. O índice fechou estável nesta quarta-feira, oscilando apenas 0,02% para cima, aos 128.388 pontos. Parece pouco? Talvez. Mas os bastidores contam outra história.
O Banco do Brasil roubou a cena ao anunciar um lucro líquido de R$ 9,3 bilhões no primeiro trimestre — um aumento de 5,8% comparado ao mesmo período do ano passado. Nada mal para um banco que muitos ainda insistem em ver como "aquela coisa do governo".
O que os números revelam
Detalhes que fazem diferença:
- Resultado bruto do BB: R$ 25,2 bilhões (aumento de 12,6%)
- Carteira de crédito: cresceu 13,4%, atingindo R$ 1,1 trilhão
- Default (inadimplência): caiu para 2,9% — o menor nível desde 2014
"Os números são sólidos, mas o mercado esperava um pouco mais", comentou um analista que preferiu não se identificar. E essa talvez seja a chave para entender por que as ações do banco (BBAS3) recuaram 1,19%, enquanto o Ibovespa basicamente deu de ombros.
E o resto do mercado?
Enquanto o BB dominava as atenções, outros ativos fizeram seus movimentos:
Petrobras (PETR4) subiu 0,85%, surfando na onda dos preços internacionais do petróleo. Já Vale (VALE3) caiu 0,47%, refletindo as incertezas sobre a demanda chinesa por minério de ferro.
No setor de varejo, Magazine Luiza (MGLU3) despencou 4,76% — parece que o fantasma das dívidas ainda assombra os investidores. Enquanto isso, Via (VIIA3) surpreendeu com alta de 3,23%, provando que até os mais maltratados têm seus dias de glória.
"É um mercado bipolar", brincou um trader enquanto acompanhava as oscilações. "Um minuto você está ganhando, no seguinte já quer chorar."
E agora?
Com o Fed americano mantendo os juros altos por mais tempo e a China mostrando sinais contraditórios, os próximos dias prometem... bem, mais do mesmo. Volatilidade. O Ibovespa parece preso numa faixa entre 126 mil e 130 mil pontos há semanas — e sem um catalisador forte, dificilmente sairá dessa.
Mas atenção: na bolsa, o tédio pode ser só a calmaria antes da tempestade. Ou, quem sabe, antes de um belo dia de sol. No mercado financeiro, como na vida, certezas são artigo de luxo.