Ibovespa fecha acima de 161 mil pontos pela 1ª vez; dólar cai para R$ 5,329
Ibovespa bate novo recorde histórico acima de 161 mil pontos

O mercado financeiro brasileiro escreveu um novo capítulo em sua história nesta terça-feira, 2 de dezembro. O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores, não apenas renovou seu recorde de fechamento como também superou, pela primeira vez, a marca psicológica dos 161 mil pontos. O pregão foi marcado por otimismo, com investidores reagindo a dados econômicos e antecipando um futuro ciclo de flexibilização monetária.

Números que marcam história

O índice encerrou o dia em 161.092 pontos, uma valorização expressiva de 1,50%. Esse patamar não representa apenas o novo teto de fechamento, mas também a máxima intradiária histórica. No outro lado da moeda, o dólar comercial apresentou desempenho oposto, cedendo 0,53% e sendo negociado a R$ 5,329 na venda. No acumulado do ano, os contrastes são ainda mais evidentes: a moeda norte-americana acumula queda de 13,76%, enquanto a Bolsa brasileira disparou 33,63%.

O motor por trás da alta: juros e indústria fraca

Analistas apontam que a combinação de dados industriais desapontantes e a expectativa de cortes na taxa Selic alimentou o apetite por risco e impulsionou os papéis. Dados do IBGE mostraram que a produção industrial brasileira cresceu apenas 0,1% em outubro frente a setembro, abaixo da expectativa de 0,4%. Na comparação anual, houve queda de 0,5%.

Para especialistas, esses números reforçam a percepção de desaceleração econômica, pressionada pela política monetária restritiva do Banco Central, com a Selic em 15%. Ian Lopes, economista da Valor Investimentos, explicou que "a desaceleração faz o mercado já precificar um corte de juros; não se sabe quando, mas provavelmente no início do ano que vem". Felipe Tavares, da BGC Liquidez, concorda e projeta o início do ciclo de afrouxamento para o primeiro trimestre de 2026.

Banco Central no centro das atenções

O Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne na próxima semana para sua última decisão do ano, com ampla expectativa de manutenção da Selic em 15%. No entanto, os sinais emitidos pelas autoridades monetárias têm sido ambíguos. Enquanto o diretor de Política Monetária, Nilton David, mencionou a expectativa de cortes futuros, o presidente Gabriel Galípolo destacou o aquecimento do mercado de trabalho, que exigiria postura conservadora.

Bruno Shahini, da Nomad, afirma que o foco do mercado estará na comunicação do BC pós-decisão, em busca de indicações mais precisas sobre o timing do início do ciclo de cortes. Já Felipe Tavares vê o mercado de trabalho como o grande desafio atual para a autoridade monetária.

Cenário eleitoral e externo também influenciam

Além das variáveis econômicas, o cenário político eleitoral do próximo ano entrou no radar dos investidores. Uma pesquisa AtlasIntel divulgada nesta terça mostrou um empate técnico, dentro da margem de erro, entre o presidente Lula e o governador Tarcísio de Freitas em uma simulação de segundo turno. Para Cristiane Quartaroli, economista-chefe do Ouribank, o ano de 2026 promete volatilidade nos mercados, possivelmente durante todo o período.

No front internacional, as expectativas de cortes de juros pelo Federal Reserve (Fed) dos EUA continuam a sustentar o apetite por risco global. A ferramenta FedWatch indica uma probabilidade de 87,4% de que o banco central americano reduza sua taxa em dezembro. Esse movimento tende a favorecer mercados emergentes como o Brasil, fortalecendo estratégias de carry trade e atraindo dólares para o país, o que ajuda a explicar a valorização do real.

Com Wall Street também em alta, impulsionada por essas expectativas, o ambiente global se mostrou favorável. A Nasdaq, destaque do dia, subiu 0,62%. A combinação de fatores domésticos e externos criou o cenário perfeito para a Bolsa brasileira atingir seu inédito patamar histórico.