Dólar cai para R$ 5,395 com expectativa de corte de juros do Fed
Dólar fecha em queda com expectativa de corte do Fed

O mercado financeiro brasileiro registrou um dia de movimentos mistos nesta segunda-feira (24), com o dólar encerrando em leve queda enquanto a Bolsa de Valores apresentou alta moderada. As atenções dos investidores se dividiram entre o cenário internacional e os desenvolvimentos políticos domésticos.

Cenário Internacional Influencia Mercados

A moeda norte-americana fechou o dia com queda de 0,12%, sendo negociada a R$ 5,395. O movimento ocorreu em meio ao aumento das apostas de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) reduzirá as taxas de juros na reunião marcada para os dias 9 e 10 de dezembro.

De acordo com a ferramenta FedWatch do CME Group, os investidores veem uma probabilidade de 80,9% de que o Fed diminua a taxa de juros para a faixa de 3,50% a 3,75%, ante os atuais 3,75% a 4,00%.

O ânimo positivo derivou de comentários do diretor do Fed de Nova York, John Williams, na sexta-feira (21). Ele manifestou confiança de que as taxas de juros dos EUA poderiam cair sem comprometer a meta de inflação da instituição.

Banco Central Mantém Discurso Rigoroso

No cenário doméstico, a participação do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, em evento da Febraban (Federação Brasileira de Bancos) capturou a atenção do mercado. Galípolo reafirmou que a autarquia não está satisfeita com o atual nível da inflação, que permanece fora da meta de 3% com tolerância de 1,5 ponto percentual.

"Não é papel do BC ser ombudsman da política fiscal. A bola que temos que ficar de olho é a inflação", declarou o presidente do BC durante sua apresentação.

Questionado sobre a liquidação do Banco Master, Galípolo adotou um tom pragmático: "Acontece nos EUA, na Suíça, acontece. O importante é aprendermos e inovarmos para não repetirmos problemas".

Rodrigo Marcatti, economista e CEO da Veedha Investimentos, interpretou o discurso como um reforço ao compromisso do Banco Central de combater a inflação. "Ele ainda está incomodado com o patamar atual de preços e, por isso, tem reforçado que não tem espaço para cortar juros neste ano", analisou.

Repercussão Política da Prisão de Bolsonaro

O cenário político também esteve no radar dos analistas, com a Primeira Turma do STF decidindo por 4 a 0 manter a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro. O ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, reafirmou sua decisão de prender Bolsonaro e conseguiu o apoio dos demais ministros da turma - Flávio Dino, Cristiano Zanin e Cármen Lúcia.

Entre os fundamentos citados por Moraes para a manutenção da prisão estavam a violação da tornozeleira eletrônica na madrugada de sábado (22) e o risco de fuga do ex-presidente para a embaixada dos EUA durante uma vigília convocada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).

Os advogados de Jair Bolsonaro manifestaram "profunda perplexidade" com a decisão, argumentando que se baseou na realização de uma "vigília de orações", mas não apresentaram explicações sobre a tentativa de violação da tornozeleira eletrônica detectada pela Polícia Federal.

Segundo Otávio Araújo, consultor sênior da Zero Markets Brasil, o mercado financeiro doméstico reagiu com tranquilidade à prisão de Bolsonaro, pois o evento já estava precificado. "A maior preocupação do mercado é com as consequências eleitorais e sucessão política, questões que podem afetar o valor de ativos", explicou.

Bolsa e Indicadores Econômicos

O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, encerrou o pregão com alta de 0,32%, chegando a 155.277 pontos. O desempenho positivo foi impactado pelo maior apetite ao risco no exterior, derivado das expectativas de cortes de juros nos EUA.

No front internacional, o relatório do payroll ( Departamento do Trabalho dos EUA) divulgado na quinta-feira mostrou que a economia norte-americana gerou 119 mil postos de trabalho em setembro, superando significativamente a projeção de 50 mil vagas entre economistas consultados pela Reuters.

Marcio Riauba, head da Mesa de Operações da StoneX Banco de Câmbio, destacou que o resultado acima do esperado pode reforçar a visão de que a economia americana continua aquecida, limitando assim um ritmo mais acelerado de cortes de juros.

Rodrigo Moliterno, da Veedha Investimento, chamou atenção para a divulgação dos dados do PIB (Produto Interno Bruto) e PCE (Núcleo de Índice de Preços) dos EUA nesta quarta-feira (26), que devem afetar as projeções para a próxima reunião do Fed.