Mercado financeiro em dia de decisões importantes
O dólar iniciou a semana praticando uma estabilidade significativa nesta segunda-feira (17), enquanto os investidores digeriam o anúncio dos Estados Unidos sobre a redução de tarifas para diversos produtos brasileiros. Às 9h29, a moeda norte-americana era negociada a R$ 5,2976, mantendo-se praticamente estável em relação ao fechamento de sexta-feira.
No último pregão, o dólar havia registrado uma variação negativa de 0,01%, encerrando a R$ 5,296. Paralelamente, a Bolsa de Valores brasileira apresentou desempenho positivo, com avanço de 0,36% e fechamento em 157.738 pontos.
Medidas do Banco Central e indicadores econômicos
O Banco Central marcou para as 10h30 desta segunda-feira a realização de um leilão de linha no valor de US$ 1,25 bilhão. Esta operação tem como objetivo principal a rolagem do vencimento programado para 2 de dezembro, representando mais uma das medidas de gestão da autoridade monetária.
No cenário doméstico, os investidores voltaram sua atenção para os dados do IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central). O indicador, que funciona como um termômetro da economia brasileira, registrou queda de 0,20% em setembro na comparação com agosto, conforme dados dessazonalizados divulgados nesta segunda-feira.
Cenário internacional: Fed divide opiniões
O mercado global demonstrou cautela elevada na sexta-feira, reflexo direto das declarações de autoridades do Federal Reserve que colocaram em dúvida a continuidade do ciclo de cortes da taxa de juros norte-americana.
Mary Daly, presidente do Fed de São Francisco e tradicional defensora de juros mais baixos, surpreendeu ao afirmar na quinta-feira que qualquer decisão sobre os próximos passos do banco central seria "prematura". "Tenho uma mente aberta, mas ainda não tomei uma decisão final sobre o que penso e estou ansiosa para debater com meus pares", declarou.
Neel Kaskari, do Fed de Minneapolis, que há alguns meses defendia um terceiro corte nas taxas até o final do ano, agora classifica os sinais econômicos como "mistos". "Temos uma inflação ainda muito alta, em torno de 3%", explicou. "Alguns setores da economia dos EUA parecem estar indo muito bem. Alguns setores do mercado de trabalho parecem estar sob pressão."
Completando o coro de cautela, Susan Collins, presidente do Fed de Boston, defendeu que a taxa de juros deve ser mantida entre 3,75% e 4% por "algum tempo". Ela, que votou a favor de ambos os cortes realizados este ano, afirmou: "Na ausência de evidências de uma deterioração notável do mercado de trabalho, eu hesitaria em flexibilizar ainda mais a política monetária".
Divisões no Fed e impacto nos mercados
Os comentários recentes sugerem que as divisões no banco central americano estão se aprofundando. Jerome Powell, presidente do Fed, já havia destacado o desafio da falta de consenso durante entrevista coletiva após o encontro de outubro, alertando que outro corte está "longe" de ser uma certeza.
A paralisação do governo dos Estados Unidos, encerrada na quarta-feira após a aprovação de um projeto de refinanciamento no Congresso, contribuiu para a redução de incertezas sobre a economia americana. No entanto, mesmo com a reabertura, dados oficiais de inflação e do mercado de trabalho podem não ser publicados a tempo da próxima reunião do Fed, marcada para entre 9 e 10 de dezembro.
Atualmente, os operadores do mercado estão divididos: 53,6% apostam em um corte de 0,25 ponto em dezembro, enquanto os 46,4% restantes consideram mais provável a manutenção das taxas atuais, de acordo com a ferramenta FedWatch do CME Group.
Leonel Mattos, analista de inteligência de mercado da StoneX, contextualiza: "Há um mês, a probabilidade de um corte era de 95%. A perspectiva de que o Fed pode ser mais lento no corte de juros tende a favorecer o rendimento dos títulos americanos, o que ajuda na atração de investimentos estrangeiros e tende a valorizar o dólar globalmente".
Tensões no setor de tecnologia
Em paralelo, os investidores globais mantêm o temor sobre uma possível bolha no setor de tecnologia dos Estados Unidos. A percepção de que empresas ligadas à inteligência artificial podem estar supervalorizadas preocupa os mercados.
O Nasdaq Composite, índice fortemente concentrado em tecnologia, disparou mais de 50% entre o início de abril e o final de outubro, impulsionado pelas expectativas de que a IA geraria um período prolongado de forte crescimento. No entanto, o índice tem apresentado oscilações nas últimas duas semanas, com analistas comparando a escalada das ações de IA com a bolha de empresas de tecnologia do final dos anos 1990.
Analistas do Goldman Sachs, Dominic Wilson e Vickie Chang, alertaram em nota a clientes: "Vemos um risco crescente de que os desequilíbrios acumulados nos anos 1990 se tornem mais evidentes à medida que o boom de investimentos em IA se estende".
Expansão da Latam em 2026
Em outro desenvolvimento significativo, a Latam anunciou a expansão de sua malha aérea para 2026 com sete novas rotas, sendo quatro domésticas e três internacionais. As operações incluirão ligações inéditas entre Guarulhos e cidades de Minas Gerais e Goiás, além de voos conectando Brasília e Campina Grande.