O Banco Central do Brasil surpreendeu o mercado ao anunciar uma mudança significativa em sua estratégia para o sistema financeiro digital. Em vez de criar uma moeda digital oficial, a autoridade monetária optou por desenvolver uma infraestrutura que permitirá a implementação de contratos inteligentes no país.
Mudança de rumo no Banco Central
Durante evento da Associação Brasileira de Direito e Economia (ABDE) sobre segurança digital, Breno Lobo, chefe-adjunto do Departamento de Competição e de Estrutura do Mercado Financeiro do Banco Central, fez revelações importantes sobre o futuro do sistema financeiro digital brasileiro.
"A gente deu um passo para trás. Não é uma CBDC, uma moeda digital do BC. É uma infraestrutura para permitir contratos inteligentes, para garantir a entrega contra pagamento", afirmou o representante do BC na semana passada.
O que é o DREX e como funcionará
O projeto, que antes era concebido como uma moeda digital do Banco Central, agora será uma infraestrutura para contratos inteligentes. Breno Lobo explicou que "importante é ter uma infraestrutura que consegue registrar contratos inteligentes com liquidação vinculada, atrelada, ao alcance daquelas condições estabelecidas em contrato".
O executivo destacou que "pouco importa" para a população se é uma moeda emitida pelo Banco Central ou por uma instituição financeira. O foco, segundo ele, está na utilidade que a nova infraestrutura trará para os brasileiros.
Aplicações práticas dos contratos inteligentes
Os contratos inteligentes prometem revolucionar diversas operações do dia a dia. Entre os exemplos citados pelo Banco Central estão:
- Transferência de propriedades: Documentos que permitirão a transferência de bens móveis (como carros) ou imóveis (casas) em ambiente digital, simultaneamente ao pagamento
- Dispositivos inteligentes: Eletrodomésticos como geladeiras poderão fazer pedidos automaticamente quando detectarem produtos em falta
- Redução de custos: Eliminação da necessidade de cadastro de cartões de crédito ou débito em transações automatizadas
Esta mudança de estratégia representa uma evolução significativa no pensamento do Banco Central sobre o futuro do sistema financeiro brasileiro. Embora tenha desistido da moeda digital oficial, a instituição avança com uma proposta que pode trazer benefícios concretos e imediatos para a população.
O DREX, que em 24 de maio de 2021 foi apresentado como "uma extensão da moeda física", agora assume um papel diferente, focando na infraestrutura que possibilitará transações mais seguras e eficientes através dos contratos inteligentes.