
O céu não está nada azul para os pescadores catarinenses. E não é previsão de temporal — é algo pior. As novas tarifas impostas pelos Estados Unidos chegaram como um tsunami no setor, ameaçando arrastar boa parte das exportações para o fundo do poço.
Quem vive do mar sabe: quando a maré vira, é cada um por si. E agora? Os números assustam. Santa Catarina, que manda mais de 60% do pescado brasileiro para o exterior, pode ver esse mercado minguar feito gelo no sol do meio-dia.
O que está em jogo?
Não é exagero dizer que a espinha dorsal da economia pesqueira do estado está sob risco. Só no ano passado, os EUA engoliram — com farinha — cerca de US$ 120 milhões em produtos do mar catarinenses. Agora, com os novos impostos, esse prato pode ficar salgado demais para o paladar americano.
Os empresários do setor estão com a pulga atrás da orelha:
- Custos podem subir até 25%
- Competitividade no mercado internacional cai na mesma proporção
- Empregos diretos e indiretos na corda bamba
Não é brincadeira. O presidente de um sindicato local chegou a comparar a situação a "tentar pescar com rede furada". E olha que esses caras entendem do riscado.
Efeito dominó
O problema é que quando o peixe grande espirra, os pequenos pegam pneumonia. As cooperativas de pescadores artesanais, que já vivem no fio da navalha, podem ser as primeiras a sentir o baque. Sem mercado externo, o produto vai sobrar aqui — e preço? Bem, a lei da oferta e demanda não perdoa.
"É como se jogassem âncora no nosso progresso", desabafa um armador de Itajaí, enquanto acende mais um cigarro. O nervosismo é palpável nos galpões de processamento, onde normalmente o movimento é frenético.
Tem saída?
Especialistas sugerem diversificação — mas não é como trocar de roupa. Buscar novos mercados leva tempo e investimento que muitas empresas simplesmente não têm no momento. A China aparece como alternativa, mas será que compensa o esforço?
Enquanto isso, o governo estadual promete "não deixar o barco afundar", com planos de subsídios e linhas de crédito especiais. Só que, entre promessa e prática... bem, você sabe como é.
Uma coisa é certa: os próximos meses vão definir se Santa Catarina mantém a posição de líder nas exportações de pescado ou se vai ter que recolher as redes. Fiquem de olho — essa maré pode virar mais rápido do que se imagina.