
O governo federal anunciou o aumento generalizado de tarifas de importação — o famoso 'tarifaço' — e, mesmo com algumas exceções, o baque no bolso do consumidor promete ser pesado. Quem afirma é um ex-secretário de Comércio Exterior, com décadas de experiência no tema.
"Não adianta maquiar a realidade", dispara ele, em tom direto. "Quando você mexe nos impostos de produtos que chegam de fora, a conta sempre sobra para quem compra." E olha que a lista de itens isentos não é tão pequena: medicamentos, equipamentos médicos e até livros escaparam do reajuste. Mas e o resto?
O que sobe (e muito)
Prepare o coração — e o cartão de crédito. Produtos como:
- Eletrônicos (celulares, notebooks)
- Peças para veículos
- Têxteis e calçados
terão aumentos que variam de 10% a 20%. E tem um detalhe cruel: como muitos desses itens já vinham com preços nas alturas por conta da pandemia e da guerra na Ucrânia, o golpe é duplo.
Um exemplo prático? Aquela TV que você planejava comprar na Black Friday pode custar o equivalente a uma passagem de avião — e não, não estamos falando de voos domésticos.
O lado B das exceções
Até os livros escaparam, mas aqui vai uma ironia: quem lê "O Capital" de Marx em edição importada pagará menos impostos que quem compra um par de tênis básico. A vida tem dessas contradições.
O ex-secretário — que prefere não se identificar para falar abertamente — solta uma pérola: "É como dar um copo d'água para quem está no deserto e cobrar pelo ar que respira." Dramático? Talvez. Mas quando ele explica que até insumos industriais entraram na lista de majoração, a coisa fica séria.
Efeito dominó na economia
Não é só sua compra na Amazon que vai pesar mais. O especialista alerta:
- Indústrias que dependem de peças importadas repassarão custos
- Postos de trabalho podem ser afetados
- A inflação de serviços tende a acompanhar
E tem mais: com o dólar oscilando como pipa em dia de ventania, qualquer previsão vira um chute no escuro. Ou melhor, no breu total.
Para piorar, essa medida chega num momento em que o brasileiro médio já cortou até o cafezinho do final de tarde. Dados do IBGE mostram que 6 em cada 10 famílias reduziram gastos essenciais nos últimos meses. Agora imagine com esse novo custo?
O ex-secretário finaliza com um tom que mistura realismo e preocupação: "Podem falar em exceções o quanto quiserem. Quando a maré sobe, todos os barcos balançam — até os ancorados."