O setor calçadista de Franca, no interior de São Paulo, recebeu com grande decepção a decisão do governo dos Estados Unidos que manteve os calçados fora da lista de produtos isentos da tarifa de 40%. A medida, anunciada recentemente, beneficia mais de 200 produtos brasileiros, mas exclui os calçados manufaturados, principal produto de exportação da região.
Impacto direto no emprego regional
Segundo o Sindicato da Indústria de Calçados de Franca (Sindifranca), a decisão americana pode afetar até 2 mil empregos diretos e 6 mil indiretos no polo produtivo da região. A entidade alerta que empresas já sentem os impactos da medida e podem registrar novas perdas caso a tarifa seja mantida.
O presidente do Sindifranca, Toni Hajel, expressou a frustração do setor: "Havia expectativa de que o calçado fosse incluído na lista de produtos liberados, principalmente pela relação construída entre Franca e o mercado norte-americano ao longo de mais de 60 anos".
Tentativas de negociação
O sindicato afirma que acompanha o tema desde o início da imposição do tarifaço, em agosto, e realizou reuniões com representantes dos governos federal, estadual e municipal. Várias tentativas de diálogo foram feitas, mas até o momento sem sucesso na inclusão dos calçados na lista de isenções.
"Infelizmente, estamos dependendo unicamente das atitudes dos dois governos: Estados Unidos e Brasil", afirmou Hajel, destacando a mobilização do setor para buscar apoio político e reverter a decisão.
Busca por alternativas
Enquanto a tarifa permanece, o economista Fábio Gomes avalia que o setor precisa buscar caminhos para reduzir perdas. "Por enquanto, o desafio continua. A solução é encontrar outros países e atender o mercado interno", explicou em entrevista à EPTV.
A retirada da tarifa beneficia produtos como carne bovina, café, frutas, cacau, açaí e fertilizantes, mas os produtos manufaturados - entre eles calçados, máquinas e móveis - permanecem taxados. O setor calçadista de Franca, um dos principais do país, segue mobilizado para abrir novas frentes de diálogo com lideranças que tenham acesso ao governo americano.