A atividade industrial brasileira registrou uma queda expressiva no mês de novembro, superando a desaceleração normal para o período. Os dados são da Sondagem Industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgada nesta terça-feira, 16 de dezembro de 2025.
Queda generalizada nos principais indicadores
O principal termômetro do setor, o índice de evolução da produção, despencou 7,1 pontos, saindo de um patamar anterior para atingir apenas 44,4 pontos em novembro. A pesquisa, que consultou 1.402 empresas, mostra que o recuo foi generalizado.
A Utilização da Capacidade Instalada (UCI) acompanhou o movimento negativo, recuando 1 ponto percentual e estacionando em 70%. Este é o menor nível para o mês de novembro desde 2019, indicando que as fábricas estão operando bem abaixo de seu potencial máximo.
O mercado de trabalho também sentiu o impacto. O indicador que mede a evolução do número de empregados no setor caiu 1,2 ponto, chegando a 47,6 pontos. O resultado confirma uma redução no contingente de trabalhadores industriais entre outubro e novembro.
Juros altos e estoques pressionam o setor
Segundo a análise da CNI, a taxa básica de juros de 15% ao ano é o grande vilão da desaceleração. Larissa Nocko, especialista em Políticas e Indústria da entidade, explica que o custo elevado do crédito freia a economia e prejudica a demanda por bens industriais.
Um sinal claro do enfraquecimento da demanda aparece nos estoques. O índice de estoque efetivo subiu para 50,7 pontos, mostrando que as empresas estão com mais produtos armazenados do que o planejado, pois as vendas não acompanham a produção.
Exportações fracas e investimento cauteloso
O setor externo não trouxe alívio. Embora tenha havido uma leve melhora, o índice de exportações permanece em 48,4 pontos, território que ainda sinaliza retração no curto prazo.
Um ponto de cauteloso otimismo vem da intenção de investimento, que subiu pelo terceiro mês consecutivo, alcançando 55,9 pontos na projeção para dezembro. No entanto, mesmo essa melhora termina o ano três pontos abaixo do patamar registrado em dezembro de 2024.
Perspectivas para a indústria nacional
Para a especialista da CNI, Larissa Nocko, o quadro geral não apresenta mudanças relevantes e não há sinais de uma melhora significativa no horizonte próximo. A combinação de juros altos, demanda fraca, capacidade ociosa e estoques em alta desenha um cenário desafiador para a retomada do crescimento da produção industrial no Brasil.
A pesquisa evidencia que o setor produtivo continua sob forte pressão, necessitando de atenção para reverter a tendência de desaceleração que se aprofundou no último mês de 2025.