PIB cresce apenas 0,1% no 3º trimestre de 2025; o que esperar para 2026?
PIB cresce 0,1% no 3º tri e projeção para 2026 é de 1,5%

O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil registrou um crescimento modesto de apenas 0,1% no terceiro trimestre de 2025, conforme dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado ficou abaixo das expectativas do mercado financeiro, que projetava uma alta entre 0,25% e 0,3%.

Desempenho por setores e a desaceleração da demanda

Analisando pelo lado da oferta, a composição do PIB se mantém com os serviços liderando (68,9% em 2024), seguidos pela indústria (24,4%) e agropecuária (6,7%). Revisões dos trimestres anteriores mostraram que o agro impulsionou os resultados, com saltos significativos, enquanto os serviços estagnaram ou recuaram levemente.

No entanto, o fator mais crítico para o fraco desempenho recente vem do lado da demanda, especificamente do consumo das famílias, que representa 64% da formação do PIB. Este consumo desacelerou de 4,5% em 2024 para 2,2% ao ano no terceiro trimestre de 2025, variando apenas +0,1% na margem. Os juros elevados são apontados como o principal freio a esta que é a principal alavanca da economia.

O banco Bradesco, em sua análise, destacou que a absorção doméstica – soma do consumo das famílias e do governo mais os investimentos – está em clara desaceleração, passando de uma taxa interanual superior a 5% em 2024 para cerca de 1% atualmente.

Perspectivas desafiadoras para 2026 e o papel do agro

Para o ano eleitoral de 2026, o cenário se apresenta com grandes desafios. Instituições financeiras como Bradesco e Santander projetam uma maior desaceleração, com o PIB crescendo apenas 1,5%. O governo, por sua vez, tenta contrapor essa tendência com medidas de estímulo, como a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, anunciada como um "14º salário".

Estimativas iniciais sugerem que essa medida pode injetar um impulso de 0,3% a 0,4% no PIB. O Banco Central deverá monitorar de perto esse impacto ao calibrar o ciclo de redução da taxa básica de juros, a Selic.

Enquanto isso, o setor agropecuário segue como um pilar de resistência. Um estudo do Departamento de Estudos Macroeconômicos do Bradesco mostra que as exportações do agro acumularam US$ 135,6 bilhões de janeiro a outubro de 2025, um aumento de 1,8% frente ao mesmo período de 2024.

Uma safra recorde de grãos de 355 milhões de toneladas (alta de 16%) gerou mais excedente para exportação. A soja manteve embarques em patamares elevados, beneficiada pela guerra comercial entre EUA e China, que concentrou as compras chinesas no Brasil. O mercado de carnes, especialmente a bovina, também apresentou desempenho forte, graças a preços competitivos e oferta global reduzida.

Desafios superados e lições para 2026

O setor enfrentou e superou obstáculos significativos em 2025. Um caso isolado de gripe aviária em Montenegro (RS), em maio, levou mais de 40 países a imporem embargos à carne de frango brasileira. Com o rápido controle e o reconhecimento do Brasil como país livre da doença em junho, os embargos foram sendo revertidos. A China, o último grande comprador a retirar a restrição, o fez apenas no início de novembro.

Apesar da queda momentânea de 25% no volume exportado de frango em junho, as exportações já haviam retomado o nível pré-embargo em outubro, batendo recorde para o mês. Mercados como México, Arábia Saudita e Coreia do Sul ajudaram a compensar as perdas temporárias com a China.

Olhando para frente, a economia brasileira em 2026 dependerá do equilíbrio entre o estímulo fiscal do governo, a reposta do consumo às menores taxas de juros e a continuação do bom desempenho do setor externo, liderado pelo agronegócio. A cautela do Banco Central e os possíveis efeitos sazonais no mercado de trabalho serão variáveis decisivas para definir se o país conseguirá evitar um ano de crescimento ainda mais fraco.