
Parece que o alívio nos juros que todo mundo esperava vai demorar mais do que o previsto – e a notícia vem lá de cima, diretamente do Banco Central. Gabriel Galipolo, um dos diretores da autoridade monetária, jogou um balde de água fria na expectativa de queda rápida dos juros.
Numa apresentação para empresários esta semana, Galipolo foi claro como água: a taxa básica de juros da economia, a famosa Selic, deve ficar nesse patamar alto por um bom tempo ainda. E olha que não foi um palpite qualquer – foi quase um aviso solene.
O Que Isso Significa na Prática?
Traduzindo para o português claro: esqueça aquela esperança de crédito baratinho para comprar carro, casa ou fazer aquele investimento. O custo do dinheiro vai continuar salgado. E sabe por quê? A inflação teimosa, meus amigos. Ela não quer dar trégua.
Galipolo deixou escapar uma verdade nua e crua: “A perspectiva de inflação para 2024 e 2025 ainda não está devidamente ancorada”. Em outras palavras, o BC ainda não confia que os preços vão se comportar sozinhos.
O Copom e a Dança dos Juros
O Comitê de Política Monetária (Copom), do qual Galipolo faz parte, já sinalizou que mantém os juros em 10,50% ao ano. Mas agora a mensagem é mais dura: não espere cortes significativos tão cedo. É como se dissessem: “Aperta o cinto, porque o remédio é amargo, mas necessário”.
E tem mais: o diretor do BC admitiu que a política fiscal do governo – ou seja, como o governo gasta nosso dinheiro – está dando dor de cabeça. Quando o governo gasta mais do que arrecada, o BC precisa segurar os juros altos para compensar o risco. Uma equação perversa, mas real.
Não é à toa que o mercado financeiro já reviu suas expectativas. Aquele otimismo inicial de 2024 de que os juros cairiam rapidamente? Esfumou-se. Agora, a previsão é de uma descida lenta, gradual e – pasmem – cheia de cautela.
E Agora, José?
Para o cidadão comum, a conta é simples: crédito mais caro, financiamentos menos acessíveis e economia crescendo menos. Uma combinação nada agradável, convenhamos.
Galipolo, que muitos veem como um nome mais alinhado ao governo, mostrou que dentro do BC a tecnicidade fala mais alto. A missão é domar a inflação, custe o que custar. E, pelo visto, o custo será um período mais longo de juros elevados.
Resta saber se a estratégia vai funcionar – ou se vamos ficar nesse cabo de guerra entre crescimento e controle de preços por ainda mais tempo. Uma coisa é certa: o caminho para juros baixos está mais longo e cheio de obstáculos do que se imaginava.