Brasil tem 10% das reservas de minerais críticos, mas produção é tímida
Ipea: Brasil tem potencial geológico, mas produção é baixa

Um estudo divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) nesta quinta-feira, 4 de dezembro de 2025, aponta que o Brasil possui um grande potencial geológico para a exploração de minerais críticos. No entanto, o país ainda não conseguiu transformar essa riqueza natural em uma produção econômica robusta, ficando atrás de nações como Austrália, China, África do Sul e Chile.

O que são minerais críticos e por que são importantes?

Os chamados minerais críticos são recursos essenciais para setores estratégicos da economia global. Eles são vitais para a tecnologia de ponta, a defesa e, principalmente, para a transição energética mundial. Sua oferta é considerada vulnerável, sujeita a riscos de escassez ou dependência de um número reduzido de fornecedores.

Nesse grupo estão elementos como lítio, cobalto, níquel e as terras raras. Essas substâncias são componentes fundamentais na fabricação de baterias para veículos elétricos, turbinas eólicas, painéis solares e semicondutores, tecnologias centrais para um futuro de baixo carbono.

Potencial versus realidade no Brasil

De acordo com dados do Instituto Brasileiro da Mineração (Ibram), citados pela pesquisa, o Brasil detém aproximadamente 10% das reservas mundiais desses minerais. Apesar dessa abundância, a participação do país no comércio internacional nas últimas duas décadas foi considerada tímida pelos pesquisadores.

O estudo, intitulado "Qual a importância do Brasil na cadeia global de minerais críticos da transição energética? Uma análise sobre reservas, produção, comércio exterior e investimentos", foi elaborado pelos pesquisadores Rafael da Silveira Soares Leão, Mariano Laio de Oliveira e Danúbia Rodrigues da Cunha.

Eles argumentam que a atuação modesta no exterior reflete dificuldades internas e uma produção mineral incerta. Historicamente, o setor de mineração no Brasil oscilou entre 0,75% e 2% do Produto Interno Bruto (PIB) entre 2000 e 2019, muito influenciado pelos ciclos de preço do minério de ferro, que responde por mais de dois terços do setor.

Um novo ciclo virtuoso no horizonte?

Os analistas do Ipea, contudo, enxergam sinais de mudança. Eles destacam que a expansão dos investimentos em capital físico e a retomada dos gastos em pesquisa geológica nos últimos anos, alinhadas com as tendências globais, parecem preparar o país para um novo momento.

Esse movimento pode levar a um ciclo virtuoso de expansão da produção, elevando a mineração brasileira a um patamar superior de competitividade. A pesquisa conclui que um novo ciclo de investimentos, aparentemente em curso, tem potencial para impulsionar o setor.

Os autores fazem, porém, um alerta: é crucial que as expectativas sobre o impacto da mineração na economia brasileira sejam realistas. A diversificação para além do minério de ferro e a agregação de valor dentro da cadeia produtiva são passos essenciais para que o potencial geológico se traduza em desenvolvimento econômico sustentável.