IPCA-15 atinge teto da meta com alta de 0,20% em novembro
IPCA-15 atinge teto da meta com alta de 0,20%

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) registrou uma alta de 0,20% em novembro de 2025, superando as expectativas do mercado financeiro que projetavam inflação de 0,18%. Os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a inflação oficial do Brasil chegou ao teto da meta estabelecida pelo Banco Central.

Desempenho por categorias de produtos e serviços

O resultado de novembro trouxe uma surpresa altista concentrada em dois segmentos específicos: passagens aéreas e alimentação fora do domicílio. Enquanto isso, setores como alimentação no domicílio e bens industriais apresentaram números mais moderados, ajudando a conter uma pressão inflacionária maior.

Na análise dos últimos doze meses, o IPCA-15 desacelerou de 4,68% para 4,50%, posicionando-se exatamente no limite superior da meta de inflação. Comparando com o mesmo período do ano anterior, em 2024 a taxa foi de 0,39% em novembro e de 0,52% em dezembro.

Comportamento dos preços por setores

O preço dos alimentos consumidos em casa manteve trajetória de queda, com destaque para a redução nos cereais e produtos in natura. No acumulado de doze meses, os alimentos registraram alta de 3,6%, um desempenho significativamente melhor que os aproximadamente 8% registrados no início do ano.

Os bens industriais apresentaram deflação de 0,06%, beneficiados pela recente apreciação do câmbio, que resultou em queda de custos para as empresas. O setor registrou deflação tanto nos bens duráveis quanto nos não duráveis, compensada parcialmente pela alta nos semiduráveis. Em doze meses, acumulam modesta alta de 2,8%.

O grande destaque negativo ficou com a inflação de serviços, que avançou 0,66%. Segundo análise do Bradesco, eventos de grande porte como a COP30 e concertos em grandes cidades podem ter contribuído para os aumentos em hospedagem e alimentação fora do domicílio.

Cenário monetário e perspectivas para a Selic

O mercado financeiro acompanha atentamente o timing para o início do ciclo de cortes da taxa Selic. Com o Federal Reserve (Fed) americano projetado para reduzir juros em setembro para 3,75%, conforme previsão da 4Intelligence, as possíveis preocupações com a pressão da alimentação fora do domicílio são amenizadas pela dinâmica favorável dos alimentos consumidos dentro de casa.

Entretanto, a consultoria 4Intelligence atualizou seu cenário e prevê que o Comitê de Política Monetária do Banco Central pode esperar até 18 de março para iniciar a baixa da Selic, após avaliar os impactos na demanda. A solidez do mercado de trabalho e a resiliência da atividade econômica em setores sensíveis à evolução da renda são fatores que influenciam essa decisão.

O aumento real do salário-mínimo e a isenção do imposto de renda para pessoas com renda até R$ 5 mil tendem a reforçar a renda das famílias no início de 2026, o que poderá sustentar o consumo e, consequentemente, a inflação.

Endividamento das famílias em patamar histórico

Enquanto o Banco Central mantém os juros em patamar elevado, o endividamento das pessoas físicas atingiu 37,1% do PIB, a maior taxa da série histórica, com aumento de 1,3 pontos percentuais em doze meses. As taxas de juros pagas pelas pessoas físicas no crédito livre alcançaram 58,3% ao ano em outubro, repetindo o nível de setembro, com alta de 6,7 pontos no ano.

Este cenário de juros elevados resultou em forte aumento da inadimplência, que ficou em 6,7% em outubro, representando aumento de 1,3 pontos em doze meses. No rotativo do cartão de crédito, as taxas chegaram a 439,8% ao ano, apesar de apresentarem baixas de 3,9 pontos percentuais no mês e 0,9% em doze meses.

Um dado preocupante mostra que, mesmo no crédito consignado, as instituições financeiras elevaram as taxas: em outubro, a taxa média dessas operações estava em 59,0% ao ano, aumento de 0,9% no mês e de 20,3% em doze meses.

Como resultado, em setembro, o endividamento das famílias situou-se em 49,1%, com aumentos de 0,1 ponto percentual no mês e 1,1 ponto em doze meses. O comprometimento de renda aumentou 0,2 ponto percentual no mês e 1,6 ponto em doze meses, alcançando a máxima histórica de 28,8%.