IPCA a 4,46% abre caminho para queda da Selic em janeiro de 2026
Inflação abaixo da meta pressiona redução da Selic

O Banco Central anunciou nesta segunda-feira, 17 de novembro de 2025, dados que apontam para um cenário econômico em transformação. A pesquisa Focus revelou que o mercado espera o IPCA fechando 2025 em 4,46%, abaixo do teto da meta de inflação estabelecida em 4,50%.

Mercado prevê queda dos juros em janeiro

Como consequência direta do controle inflacionário, os analistas financeiros antecipam a primeira redução da taxa Selic desde junho. A expectativa é que o Comitê de Política Monetária (Copom) baixe os juros de 15% para 14,75% na reunião marcada para 28 de janeiro de 2026.

As projeções para o final de 2026 são ainda mais otimistas. O mercado prevê a Selic encerrando o próximo ano em 12,25%, com a mediana das respostas dos últimos cinco dias úteis indicando 12,13%. Grandes instituições financeiras já ajustaram suas previsões: Santander reduziu de 13,00% para 12,50%, Bradesco espera 12,00% e Itaú prevê 12,75%.

Economia mostra sinais de desaceleração

Os dados do IBC-Br de setembro, que antecipam o PIB do Banco Central para o terceiro trimestre, revelam uma contração da atividade econômica. Nos números dessazonalizados, o PIB encolheu 0,2% em setembro e acumulou queda de 0,84% no terceiro trimestre como um todo.

Os setores apresentaram desempenhos variados:

  • Agropecuária: alta de 1,5% no mês, mas queda de 4,5% no trimestre
  • Indústria: recuo de 0,7% no mês e 1,05% no trimestre
  • Serviços: queda de 0,1% no mês e 0,3% no trimestre

Excluindo o impacto do agronegócio, que tem contabilidade diferenciada no IBGE, o IBC-Br contraiu 0,4% no mês e 0,5% no trimestre.

O verdadeiro efeito dos juros altos

O artigo de Gilberto Menezes Côrtes questiona se a inflação foi controlada pelos juros elevados ou pela valorização do real frente ao dólar. A taxa Selic escalou de 11,25% em novembro de 2024 para 15,00% em junho de 2025, com o objetivo principal de esfriar a escalada do dólar.

O câmbio, que estava abaixo de R$ 5,25 em abril de 2024, chegou a R$ 6,3144 há um ano. Atualmente cotado a R$ 5,3060, o dólar acumula queda de 8,43% em 12 meses.

O autor argumenta que o efeito colateral do excesso de juros pode ter derrubado o PIB além do necessário, sugerindo que com dois a dois pontos e meio a menos na Selic, o controle inflacionário seria quase idêntico.

O custo dos juros elevados para o país

As estatísticas fiscais de setembro revelam o impacto financeiro da política monetária restritiva. O Tesouro Nacional pagou R$ 84,7 bilhões em juros apenas em setembro, contra R$ 46,4 bilhões no mesmo mês de 2024.

Cada ponto percentual adicional na Selic custa aos cofres públicos R$ 60,3 bilhões ao final de 12 meses. Considerando que os juros bancários são duas vezes maiores para empresas e três vezes maiores para pessoas físicas, a transferência de renda da sociedade para o sistema financeiro alcança valores estratosféricos.

Dois a 2,5 pontos a menos na taxa básica representariam mais de R$ 200 bilhões economizados, recursos que poderiam ser destinados a programas sociais e investimentos produtivos.