Ibovespa bate 10º recorde seguido com influxo recorde de investimentos
Ibovespa: 10º recorde com investimento estrangeiro alto

Mercado em alta: Ibovespa alcança décimo recorde consecutivo

O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira, registrou seu décimo recorde consecutivo de fechamento, em uma sequência impressionante que reflete o otimismo dos investidores com a economia nacional. Este movimento ascendente ocorre paralelamente a um influxo significativo de capital estrangeiro no país, que já superou os números de todo o ano anterior.

Investimento estrangeiro direto bate recorde histórico

De acordo com dados divulgados pelo Banco Central, os investimentos estrangeiros diretos no Brasil somaram US$ 74,3 bilhões até outubro deste ano. Este valor já ultrapassa o volume registrado em todo o ano de 2024, que foi de US$ 74,1 bilhões. Apenas no mês de outubro, o investimento estrangeiro direto totalizou R$ 10,9 bilhões, representando um aumento expressivo de 64% em comparação com o mesmo mês do ano anterior.

Considerando o acumulado dos últimos doze meses, os números são ainda mais impressionantes: US$ 80,1 bilhões, valor que está 9,8% acima do acumulado de setembro, que foi de US$ 72,9 bilhões. Na série histórica do Banco Central, que monitora o investimento estrangeiro direto desde 1995, apenas em quatro ocasiões anteriores o volume de US$ 80 bilhões anuais foi superado: nos anos de 2010, 2011, 2012 e 2014.

Cortes de juros nos EUA impulsionam mercado brasileiro

O fator decisivo para essa sequência de recordes na bolsa brasileira foi a mudança de postura do Federal Reserve (Fed), o banco central americano. Em 29 de outubro, o Fed reduziu os juros pela segunda vez em 2025, estabelecendo a taxa na faixa de 3,75% a 4% ao ano - o menor patamar desde novembro de 2022. Na reunião anterior, realizada em 17 de setembro, a instituição já havia encerrado um período de nove meses sem qualquer redução.

Segundo análise de Ariane Benedito, economista-chefe do PicPay, "com isso, os investidores estrangeiros voltaram a olhar para os mercados emergentes, especialmente para o Brasil, que ainda paga juros reais muito altos". Esta migração de capital ocorre porque juros mais baixos nos Estados Unidos reduzem o rendimento das Treasuries, os títulos do governo americano considerados os investimentos mais seguros do mundo.

O movimento faz com que os investidores busquem aplicações mais rentáveis em mercados emergentes, e o Brasil tem se destacado nesse cenário, favorecendo tanto a bolsa de valores quanto o real frente ao dólar. Na prática, os juros mais baixos nos EUa beneficiam não apenas a renda fixa brasileira, mas também a renda variável, ao estimular o fluxo de capital para mercados emergentes e aumentar o apetite por ativos de risco, como as ações negociadas na B3.

Contraste com Selic brasileira e perspectivas futuras

Os cortes das taxas americanas contrastam fortemente com uma Selic ainda elevada: a taxa básica de juros brasileira permanece em 15%, o maior nível em quase duas décadas. Na última quarta-feira (5), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu manter os juros inalterados.

Gustavo Jesus, sócio da Victrix Capital, explica que a perspectiva de corte de juros no Brasil em 2026 colabora com a migração de investidores da renda fixa para a variável. "Os mercados já se antecipam a esse movimento", afirma o especialista. Este cenário tem favorecido especialmente as ações de grandes bancos, que apresentaram significativa valorização.

Ao longo de 2025, o índice de ações da B3 já atingiu 25 recordes de fechamento, puxados tanto pelo cenário de cortes de juros nos Estados Unidos quanto pela expectativa de redução também na taxa básica brasileira. Esta combinação de fatores externos e internos cria um ambiente particularmente favorável para o mercado acionário brasileiro, atraindo capital internacional em volumes históricos.