Galípolo no Senado: BC nega leniência e reforça uso da Selic contra inflação
Galípolo no Senado defende independência do Banco Central

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, participou de uma audiência no Senado Federal nesta terça-feira, 25 de novembro de 2025, onde defendeu a atuação da autoridade monetária e rebateu críticas sobre supostas brechas na legislação cambial.

Defesa da atuação do Banco Central

Em seu discurso de abertura, Galípolo foi enfático ao negar que o Banco Central tenha criado brechas criminais na lei cambial. Ele lembrou que a instituição não tem poder legislativo, contrariando narrativas que circulavam sobre o tema.

"Achar que o Banco Central tenha feito uma lei cambial é um equívoco de conhecimento básico de funcionamento", afirmou o presidente durante a audiência.

Galípolo também desmentiu rumores sobre acordos de leniência que supostamente travariam investigações. "O Banco Central não faz acordos de leniência. Termo de compromisso não tem o condão de interromper investigação criminal. Quem decide isso é o Ministério Público", esclareceu.

Críticas às distorções de informação

O presidente do BC fez duras críticas à propagação de informações distorcidas sobre a atuação da autoridade monetária. Ele mencionou especificamente a atuação dos chamados "especialistas de WhatsApp".

"Agora nós temos os especialistas de WhatsApp, que por falta de público criam um próprio grupo e dão opinião sobre tudo. E essas coisas vão se propagando", criticou Galípolo.

Para o presidente, esse ambiente cria um dilema permanente para a autoridade monetária: "Se você parar a todo momento para tacar pedra em todo mundo que grita com você, você não vai chegar nunca no seu caminho".

Compromisso com o controle da inflação

Galípolo reforçou que o Banco Central manterá o uso da taxa Selic como instrumento para perseguir a meta de inflação de 3%. Ele justificou a decisão com base nas projeções econômicas atuais.

"As projeções mostram que o Banco Central não vai conseguir cumprir a meta. Durante todo o meu mandato, vou passar sem cumprir a meta de inflação", reconheceu o presidente.

Diante desse cenário, Galípolo afirmou que não há espaço para abandonar o principal instrumento de política monetária: "A determinação legal que recebi foi a meta de 3%. E o instrumento que me foi conferido foi a taxa de juros".

O presidente foi categórico ao afirmar que "sempre vamos obedecer o comando legal" e garantiu que "de maneira nenhuma este será um Banco Central que vai desrespeitar a lei".

Limites da atuação do BC

Galípolo também abordou os limites da atuação do Banco Central, deixando claro que não cabe à instituição interferir nas decisões de investimento dos cidadãos e empresas.

"Não cabe ao Banco Central julgar a conveniência de investimento de ninguém. O dia em que o BC disser 'eu, se fosse você, comprava esse ativo', nós estaremos falando de outro sistema econômico", destacou.

A declaração reforça a posição do Banco Central como uma instituição técnica e independente, focada em seus objetivos legais de controle inflacionário e estabilidade financeira.