O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, participou de uma audiência no Senado Federal nesta terça-feira, 25 de novembro de 2025, para detalhar a atuação da autoridade monetária no caso do Banco Master.
Contexto do caso Banco Master
Na semana anterior à audiência, o banqueiro Daniel Vorcaro, presidente do Banco Master, foi preso durante a operação Compliance Zero, que investiga uma das maiores fraudes financeiras já registradas no país. Como consequência, o Banco Central determinou a liquidação da instituição financeira.
Essa decisão gerou prejuízos significativos para investidores que ultrapassaram o limite de cobertura do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), estabelecido em até 250 mil reais por investidor. O fundo terá que realizar um dos maiores desembolsos de sua história para cobrir parte das perdas.
Questionamentos dos senadores
Durante a sessão no Senado, Galípolo foi questionado pelos parlamentares sobre uma possível omissão do Banco Central e sobre eventuais interferências na gestão de bancos públicos, especialmente do Banco de Brasília (BRB), que havia tentado adquirir o Banco Master.
O presidente do BC defendeu a atuação da instituição, afirmando que existe uma fronteira clara de atuação para o órgão regulador. "O Banco Central, como eu comentei, ele jamais julga a conveniência de um investimento. Porque a lógica de quem está aplicando é o risco e o prêmio ficou com ele", explicou Galípolo.
Posicionamento sobre decisões empresariais
Galípolo foi enfático ao reforçar que o Banco Central não opina sobre decisões empresariais dos bancos. "O dia que o Banco Central falar assim, olha, é melhor você investir nisso, seria como se o Banco Central tivesse fazendo uma recomendação para que ele corresse esse risco", argumentou.
Segundo o presidente, não cabe ao BC fazer julgamentos ou recomendações sobre investimentos específicos. "A conveniência é feita pelo dono do dinheiro ou pelo dono que tomou o dinheiro", completou.
CDBs e análise de risco
Questionado especificamente sobre a emissão de CDBs do Banco Master a 140% do CDI, Galípolo afastou a tese de que isso constituiria automaticamente uma irregularidade. "O Banco Central tem possibilidade de liquidar alguém porque está emitindo a 140 do CDI? Não tem. Não tem uma faculdade para impedir você fazer isso", afirmou.
Ele explicou a lógica financeira por trás de juros aparentemente elevados, mencionando que prazos maiores geralmente envolvem prêmios de risco. O ponto crítico, segundo Galípolo, surgiu quando a fiscalização detectou falta de informações sobre determinadas operações.
Coordenação com outras instituições
Galípolo destacou a integração entre Banco Central, Polícia Federal e Ministério Público durante as investigações. "A diligência da Polícia Federal e do Ministério Público foi absolutamente fantástica... para que também o trabalho de um não impedisse o trabalho de outro", elogiou.
O presidente do BC também enfatizou que o órgão cumpriu todos os ritos legais de comunicação ao Ministério Público sobre o caso.
Conclusões e lições
Galípolo finalizou sua exposição lembrando que crises bancárias não são incomuns na história econômica. "Desde o começo da história econômica, acontecem eventos como esse... instituições como bancos são falíveis", ponderou.
Ele reforçou que qualquer medida sem base legal adequada recairia sobre o contribuinte, destacando a importância de seguir rigorosamente os procedimentos estabelecidos na legislação.