O presidente americano Donald Trump anunciou a retirada parcial das tarifas extras que haviam sido aplicadas a produtos brasileiros, em um movimento que reacende as esperanças do setor exportador do país. A decisão, divulgada em 21 de novembro de 2025, representa um alívio significativo na tensão diplomática entre as duas nações e devolve fôlego a setores tradicionalmente importantes para a balança comercial do Brasil.
Impacto imediato nas exportações
Em entrevista ao Programa Mercado, o economista Daniel Telles, da Valor Investimentos, destacou que a reversão parcial das sobretaxas devolve viabilidade a exportações brasileiras consolidadas, como café e carne. Segundo ele, embora grandes exportadores tenham conseguido se reorganizar após o choque inicial - buscando alternativas no Mercosul, ampliando vendas internas e reestruturando rotas comerciais - a medida americana é um passo crucial para normalizar o comércio bilateral.
"É um sinal de que as negociações voltaram ao trilho", afirmou Telles, ressaltando que o contexto agora é de maior previsibilidade. O economista também avaliou que a nova postura da Casa Branca deve ser bem recebida pela Bolsa de Valores e tende a reforçar a competição entre mercados compradores de produtos brasileiros, o que pode favorecer tanto preços quanto volumes exportados.
Contexto internacional e próximos passos
Já Felipe Cima, da Manchester Investimentos, ofereceu uma perspectiva diferente sobre as motivações americanas. Ele avalia que a retirada da alíquota tem relação direta com a pressão inflacionária nos Estados Unidos. Com projeções indicando que a inflação americana só retornaria à meta em 2027, taxar alimentos brasileiros como café, carne, açúcar e etanol significaria "atacar um ponto sensível para o consumidor americano".
Contudo, Cima fez um alerta importante: a negociação está longe de terminar. Setores como açúcar e etanol permanecem no centro das discussões e não devem ter solução rápida. Embora o governo brasileiro tenha manifestado otimismo ao prever até três meses para o fim total das sanções, o economista considera esse prazo improvável.
"Os Estados Unidos retiraram a tarifa porque era interessante para eles. Daqui em diante, será passo a passo", afirmou. Para ele, o simbolismo da medida ajuda a distensionar a relação bilateral, mas não elimina os impasses estruturais que permanecem sobre a mesa de negociações.
O que esperar do futuro comercial
Com a reaproximação, exportadores brasileiros voltam a enxergar oportunidades no mercado americano, mas permanecem conscientes de que as tratativas seguem abertas e sujeitas a novos desenvolvimentos. A declaração do presidente brasileiro no início da semana parece resumir o cenário: "Política e economia não têm mágica".
Para os economistas ouvidos, justamente por isso, cada gesto importa - especialmente quando parte da maior economia do planeta. A retirada parcial das tarifas não significa o fim das discussões, mas representa um importante primeiro passo para recompor uma relação comercial que, nos últimos meses, sofreu forte desgaste e provocou insegurança nos mercados.
O movimento também reduz o risco diplomático que havia se tornado "prejudicial para uma economia tão dependente de comércio exterior quanto a brasileira", conforme destacou Daniel Telles. Agora, a expectativa é que as negociações continuem evoluindo gradualmente, com o setor exportador acompanhando cada desenvolvimento com atenção redobrada.