O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta quinta-feira, 4 de dezembro de 2025, um dado que confirma a desaceleração da atividade econômica no país. O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu apenas 0,1% no terceiro trimestre de 2025 em comparação com os três meses anteriores. Apesar de ser a 17ª alta trimestral consecutiva, o instituto classifica o resultado como estabilidade, por não ser estatisticamente significativo.
Desempenho Setorial e o Peso dos Juros
O fraco desempenho do trimestre reflete um cenário de custos financeiros elevados, que impactam o consumo e os investimentos. Em relação ao mesmo período de 2024, a expansão foi de 1,8%. No entanto, no acumulado dos últimos quatro trimestres, o PIB apresenta um crescimento mais robusto de 2,7%, chegando ao patamar de R$ 3,2 trilhões.
Analisando os setores, a indústria foi o que mais contribuiu para o resultado, com alta de 0,8%. Dentro deste segmento, as indústrias extrativas (1,7%) e a construção civil (1,3%) foram as que mais avançaram. A agropecuária também registrou crescimento positivo de 0,4%.
Já os serviços, que têm o maior peso na composição do PIB, ficaram praticamente estáveis, com uma variação de apenas 0,1%. Entretanto, algumas atividades se destacaram positivamente dentro deste grupo.
Destaques e Contrapontos no Cenário Interno
O setor de transportes, armazenagem e correio foi o grande destaque, com um salto de 2,7%. De acordo com Claudia Dionísio, analista das Contas Trimestrais do IBGE, esse desempenho está diretamente ligado ao escoamento da produção dos setores extrativo mineral e agropecuário.
Outros serviços que cresceram foram informação e comunicação (1,5%) e atividades imobiliárias (0,8%). O comércio, que também integra o grupo de serviços, avançou 0,4%. Por outro lado, o segmento de eletricidade, gás, água e gestão de resíduos recuou 1,0%.
Pelo lado da demanda, os números confirmam a contenção. O consumo das famílias ficou praticamente estável, com uma leve alta de 0,1%. Em contrapartida, o consumo do governo aumentou 1,3%. Um ponto positivo veio dos investimentos: a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que mede a ampliação da capacidade produtiva, subiu 0,9%.
O que o PIB Representa e seus Limites
O Produto Interno Bruto é a soma de todos os bens e serviços finais produzidos em um território durante um período específico. É o principal termômetro para avaliar o ritmo de uma economia. Seu cálculo evita a dupla contagem, considerando apenas o valor agregado em cada etapa da produção.
É importante ressaltar, contudo, que o PIB é uma métrica que tem limites. O indicador não expressa, por exemplo, a distribuição de renda ou a qualidade de vida da população. Um país pode ter um PIB elevado e, ao mesmo tempo, graves desigualdades sociais, assim como uma nação com PIB menor pode oferecer um padrão de vida superior aos seus cidadãos.
Os dados do terceiro trimestre reforçam um cenário de perda de fôlego na economia brasileira, pressionada pelo ambiente de juros altos, que afeta o crédito e o poder de compra. A expectativa agora é sobre como os próximos indicadores irão se comportar diante deste quadro.