A dívida pública federal brasileira registrou um crescimento significativo em outubro, alcançando um patamar que surpreendeu as projeções oficiais. O estoque da dívida já ultrapassou a banda inferior estabelecida pelo governo para todo o ano de 2025, acendendo um alerta sobre a velocidade do endividamento público.
Crescimento acelerado da dívida
Os números divulgados mostram que o estoque da Dívida Pública Federal (DPF) cresceu 1,62% em outubro, saltando de R$ 8,122 trilhões em setembro para R$ 8,253 trilhões. Este valor já supera a previsão mínima do Plano Anual de Financiamento (PAF) para 2025, que estimava uma faixa entre R$ 8,5 e R$ 8,8 trilhões apenas ao final do próximo ano.
Embora o rompimento antecipado deste limite não represente um problema operacional imediato, ele sinaliza que o país está se endividando em um ritmo mais acelerado do que o considerado prudente pelo planejamento oficial.
Composição e custo da dívida
A estrutura atual da dívida revela vulnerabilidades significativas na economia brasileira. Quase metade do total (48,19%) está indexada diretamente à taxa Selic, que se mantém em 15% ao ano após sucessivos aumentos para conter a inflação.
Os títulos atrelados à inflação representam 26,68% do total, enquanto os prefixados somam 21,44% e os vinculados ao câmbio respondem por 3,68%. Este perfil expõe o Brasil às oscilações da política monetária e à credibilidade fiscal do governo.
Dinâmica de emissões e resgates
Em outubro, as emissões de títulos públicos totalizaram R$ 162,75 bilhões, enquanto os resgates ficaram em R$ 121,37 bilhões. Isso resultou em uma emissão líquida de R$ 41,38 bilhões, refletindo o esforço contínuo do Tesouro Nacional para rolar vencimentos em um ambiente de juros elevados e credores mais cautelosos.
O cenário atual combina dois fatores preocupantes: o custo mais alto para financiar a dívida devido aos juros elevados e a necessidade de renovar papéis em grandes volumes, criando uma pressão adicional sobre as contas públicas.
Implicações para a economia
O crescimento acelerado da dívida acima das projeções oficiais representa um desafio para a política econômica. A dependência de títulos indexados à Selic torna o custo do endividamento público sensível às decisões do Copom, limitando a flexibilidade da autoridade monetária.
Especialistas alertam que a situação exige cuidado redobrado com as contas públicas e pode influenciar as decisões sobre a trajetória futura dos juros, especialmente em um contexto de inflação ainda resistente.