Dólar dispara 2,33% após Bolsonaro indicar Flávio como candidato em 2026
Dólar sobe 2,33% com indicação de Flávio Bolsonaro

O mercado financeiro brasileiro teve uma sexta-feira (5) de forte volatilidade, com o dólar disparando e a Bolsa de Valores caindo abruptamente. O movimento foi impulsionado pela notícia de que o ex-presidente Jair Bolsonaro escolheu o filho, senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), como seu candidato à Presidência da República nas eleições de 2026.

Reação Imediata dos Mercados

A moeda americana fechou o dia com uma alta expressiva de 2,33%, sendo negociada a R$ 5,434. Em seu pico durante a sessão, por volta das 16h, o dólar chegou a valer R$ 5,485, uma valorização de 3,30% em relação ao fechamento anterior. Este foi o maior valor de fechamento desde 16 de outubro, quando a divisa terminou o dia em R$ 5,441.

No sentido oposto, o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, despencou 4,30%, fechando a 157.369 pontos, apagando os recordes recentes. O índice chegou a cair 4,53% no menor patamar do dia, por volta das 17h30, tocando os 157.006 pontos.

O Fator Político: Flávio no Lugar de Tarcísio

A confirmação da candidatura de Flávio Bolsonaro, feita pelo próprio senador em suas redes sociais, foi o estopim para a movimentação dos investidores. Para o mercado, a preferência do ex-presidente por seu filho enfraquece uma eventual candidatura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), visto como um nome mais forte para a disputa.

Daniel Teles, especialista e sócio da Valor Investimentos, explica a lógica por trás da reação negativa. "Sob a ótica do mercado, Tarcísio é o candidato mais forte para bater de frente com Lula (PT) na eleição. Se Flávio é o candidato de Bolsonaro, Tarcísio não tem o apoio do ex-presidente e será um nome que dividirá a direita. É o mercado precificando a chance de uma reeleição de Lula", afirmou.

A estratégista-chefe da Nomad, Paula Zogbi, acrescenta que o ambiente já estava sensível após altas consecutivas do real e da Bolsa, o que facilita a tomada de lucro diante de notícias que geram incerteza.

Outros Fatores em Jogo

Além do cenário político doméstico, analistas apontam outros elementos pressionando o câmbio. Um deles é o tradicional movimento de distribuição de dividendos no mês de dezembro, quando empresas enviam recursos a sócios no exterior, aumentando a demanda por dólares.

Internacionalmente, os investidores também digeriam dados da economia americana. O relatório do PCE, índice de inflação preferido do Federal Reserve (Fed), mostrou um avanço de 0,3% nos gastos do consumidor em setembro, em linha com as expectativas. O dado foi considerado "benigno" por Paula Zogbi, mantendo a porta aberta para um possível corte na taxa de juros americana na reunião da próxima quarta-feira (10).

No Brasil, o consenso do mercado é de que o Banco Central manterá a taxa Selic em 15% ao ano. Um diferencial de juros elevado entre Brasil e EUA costuma atrair investimentos estrangeiros via estratégia de "carry trade", que beneficia o real. Qualquer sinal de mudança nesse cenário gera impacto imediato.

Apesar do tombo desta sexta-feira, alguns analistas veem fluxos positivos continuando. Rodrigo Marcatti, CEO da Veedha Investimentos, observa uma migração de capital saindo dos EUA para mercados emergentes como o brasileiro, impulsionada pelas expectativas de cortes de juros no país norte-americano.