Dólar sobe a R$ 5,33 com incerteza do Fed e IBC-Br em queda
Dólar fecha em alta a R$ 5,33 com incerteza do Fed

Mercado financeiro reage a dados econômicos e cenário internacional

O dólar comercial encerrou esta segunda-feira (17) com valorização de 0,67%, cotado a R$ 5,3317, em uma sessão marcada pela análise dos indicadores econômicos brasileiros e pelas incertezas sobre a política monetária norte-americana.

IBC-Br sinaliza desaceleração da economia brasileira

O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB), registrou queda de 0,2% em setembro na comparação com agosto, resultado superior à expectativa de retração de 0,1% projetada por economistas consultados pela Reuters.

Na análise do economista Rafael Perez, da Suno Research, os números confirmam a tendência de desaquecimento da economia brasileira. "Tendo em vista os efeitos da política monetária restritiva sobre o crédito, o consumo e os investimentos, somado com uma base de comparação elevada do primeiro semestre", explicou o especialista.

Em relação ao trimestre anterior, a atividade econômica encolheu 0,9%, enquanto na comparação com setembro de 2024, o indicador apresentou alta de 2%. Nos últimos 12 meses, o avanço foi de 3%.

Federal Reserve adota tom cauteloso sobre cortes de juros

No cenário internacional, os investidores acompanharam atentamente os discursos de autoridades do Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos. O vice-presidente da instituição, Philip Jefferson, afirmou que o Fed precisa "proceder lentamente" com quaisquer outros cortes nas taxas de juros.

As declarações refletem a cautela demonstrada por outras autoridades, como Mary Daly, presidente do Fed de São Francisco, e Neel Kashkari, presidente do Fed de Minneapolis. Enquanto Daly considera prematura qualquer decisão sobre os próximos passos, Kashkari avalia os sinais da economia como "mistos".

Esta postura mais conservadora dividiu os operadores do mercado: 40,9% apostam em um corte de 0,25 ponto em dezembro, enquanto 59,1% esperam manutenção da taxa atual, de acordo com a ferramenta FedWatch do CME Group.

Impactos no mercado brasileiro e perspectivas

Enquanto o dólar se valorizava globalmente, com o índice DXY subindo 0,27% a 99,56 pontos, a Bolsa de Valores brasileira recuava 0,47%, fechando a 156.992 pontos. Entre os destaques negativos, a Rumo registrou queda de mais de 8%.

Leonel Mattos, analista de inteligência de mercado da StoneX, comentou sobre a mudança de expectativas: "Há um mês, 90% dos operadores apostavam em um corte. A perspectiva de reduções mais lentas favorece a rentabilidade dos títulos americanos e ajuda na atração de investimentos externos, o que tende a fortalecer o dólar globalmente".

No front doméstico, o Banco Central mantém a taxa Selic em 15% ao ano, maior patamar em quase duas décadas, com o objetivo de garantir o retorno da inflação à meta de 3%. Economistas ouvidos pelo BC para o Boletim Focus previram, pela primeira vez no ano, que a inflação ficará dentro da meta em 2025, com expectativa de 4,46% ao final de dezembro.

Os dados abrem espaço para a possibilidade do ciclo de cortes da Selic ter início no começo do próximo ano, perspectiva que, apesar de positiva para a renda variável, exerce pressão contra a moeda brasileira.