Déficit externa atinge 3,48% do PIB em outubro, mas IED avança 62%
Contas externas: déficit é de 3,48% do PIB em outubro

O Banco Central divulgou nesta terça-feira, 25 de novembro de 2025, os números das contas externas referentes ao mês de outubro, revelando um cenário de desafios, mas também com pontos positivos. Os dados mostram que o déficit em transações correntes acumulado em doze meses até outubro chegou a US$ 76,7 bilhões, o equivalente a 3,48% do Produto Interno Bruto (PIB).

Evolução do Déficit e Comparativos

Quando analisamos a evolução mensal, o balanço de pagamentos registrou um déficit de US$ 5,1 bilhões em outubro de 2025. Embora seja um número negativo, ele representa uma melhora significativa em relação ao rombo de US$ 7,4 bilhões observado no mesmo mês do ano anterior, outubro de 2024.

No acumulado de doze meses, a situação também apresenta uma leve melhora. O percentual de 3,48% do PIB em outubro é menor que o registrado em setembro, que foi de 3,61%. No entanto, ainda está acima do patamar de outubro de 2024, quando ficou em 2,57% do PIB. Isso indica que, apesar do avanço, o cenário ainda está longe de ser considerado confortável para a economia brasileira.

Os Componentes do Resultado

A principal força por trás da melhora no resultado veio da balança comercial de bens. O superávit comercial aumentou em US$ 3 bilhões na comparação com outubro do ano passado.

Por outro lado, a conta de renda primária, que concentra os pagamentos de juros, lucros e dividendos enviados ao exterior, continuou a exercer pressão sobre o resultado final. Seu déficit aumentou em US$ 838 milhões, puxado principalmente por um aumento de 31,7% nas despesas líquidas com juros, que totalizaram US$ 2,2 bilhões. Os lucros e dividendos enviados ao exterior também subiram, passando de US$ 5 bilhões para US$ 5,3 bilhões.

Balança Comercial e Conta de Serviços

A balança comercial fechou outubro com um superávit de US$ 6,2 bilhões, um valor que é quase o dobro do registrado em outubro de 2024, que foi de US$ 3,2 bilhões. Esse desempenho foi impulsionado por um crescimento de 8,9% nas exportações, que somaram US$ 32,1 bilhões, combinado com uma queda de 1,3% nas importações, que ficaram em US$ 25,9 bilhões.

Já a conta de serviços manteve um déficit de US$ 4,4 bilhões, estável em relação a outubro de 2024. Um dos fatores que pesou negativamente foi o aumento das despesas dos brasileiros no exterior. As despesas líquidas com viagens internacionais atingiram US$ 1,3 bilhão, uma alta de 14,5%, impulsionada por um aumento de 8,3% nos gastos. Outros serviços que registraram aumento no déficit foram os de propriedade intelectual (35,6%) e os de telecomunicação, computação e informação (142%).

Investimento Estrangeiro Direto: Um Alívio para o Cenário

Em meio aos desafios, um dado se destacou positivamente: o investimento estrangeiro direto (IED). Em outubro de 2025, os ingressos líquidos de IED no país atingiram a marca de US$ 10,9 bilhões. Este valor representa uma alta expressiva de 62% em comparação com os US$ 6,7 bilhões registrados em outubro de 2024.

A maior parte desse investimento veio de participação no capital, que somou US$ 10,1 bilhões (alta de 69%), incluindo US$ 3,5 bilhões em lucros reinvestidos. Operações entre empresas contribuíram com outros US$ 855 milhões.

No acumulado de doze meses, o IED chegou a US$ 80,1 bilhões, o equivalente a 3,63% do PIB, alcançando o melhor patamar do período recente. Além do IED, os investimentos em carteira também tiveram ingressos líquidos positivos em outubro, de US$ 3,2 bilhões.

Os números divulgados pelo Banco Central, sob a autoria de Camila Pati, pintam um quadro de transição para a economia brasileira. Enquanto o déficit em transações correntes ainda é uma preocupação, o forte desempenho do investimento estrangeiro direto e da balança comercial em outubro traz um sinal de alívio e confiança dos investidores no mercado nacional.