
Pouca gente sabe, mas o Brasil está sentado em cima de um tesouro que pode valer bilhões — literalmente. Com a segunda maior reserva de terras raras do planeta, esses minerais estratégicos (que, diga-se de passagem, nem são tão "raros" assim) poderiam colocar o país no mapa da revolução tecnológica verde. Mas... tem um porém.
O paradoxo brasileiro: riqueza enterrada
Enquanto a China domina com folga o mercado — extraindo cerca de 70% das terras raras globais —, o Brasil mal arranhou a superfície do seu potencial. E olha que não é por falta de matéria-prima: nossas reservas são estimadas em mais de 21 milhões de toneladas!
"É como ter uma Ferrari na garagem, mas só usar para ir até a padaria", brinca um geólogo que prefere não se identificar. A comparação pode parecer exagerada, mas faz sentido quando você descobre que:
- A cadeia produtiva nacional é incipiente
- Falta tecnologia para processamento
- Os entraves burocráticos assustam investidores
Os 3 grandes vilões da história
Primeiro: a burocracia. Para se ter ideia, conseguir todas as licenças necessárias pode levar anos — tempo suficiente para o mercado global mudar completamente. Enquanto isso, outros países correm na frente.
Segundo: o desafio tecnológico. Extrair terras raras não é como catar manga no pé. Requer know-how específico que ainda precisamos desenvolver por aqui.
Terceiro — e talvez o mais espinhoso —: as questões ambientais. A mineração desses minerais pode ser bastante impactante, o que exige cuidados redobrados em um país com a biodiversidade do Brasil.
O que está em jogo?
Quem acha que terras raras são só mais um mineral qualquer está muito enganado. Esses elementos são a alma de:
- Turbinas eólicas
- Carros elétricos
- Smartphones
- Tecnologia militar
Ou seja, estamos falando do coração da chamada "economia verde" — aquela que todo mundo diz querer construir. Ironia das ironias: para salvar o planeta, precisamos cavar fundo na terra.
Especialistas ouvidos pelo G1 são unânimes: o Brasil poderia ser um player global nesse mercado, mas precisa urgentemente resolver essa equação complexa que envolve agilidade regulatória, investimento em pesquisa e responsabilidade ambiental.
Enquanto isso não acontece, seguimos naquele velho dilema brasileiro: potencial enorme, resultados modestos. Será que dessa vez a história será diferente?