O sistema financeiro brasileiro enfrenta seu maior desafio em três décadas com a liquidação do Banco Master, decretada pelo Banco Central nesta terça-feira, 18 de novembro de 2025. O caso representa o maior resgate já realizado pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC) em toda a sua história, superando em magnitude todas as intervenções bancárias anteriores.
O maior resgate da história do FGC
Segundo dados oficiais divulgados pelas autoridades, o Banco Master possuía aproximadamente 86 bilhões de reais em ativos, tornando-se o maior volume de recursos já envolvido em um processo de liquidação bancária no país. Caso todo esse montante precise ser coberto pelo fundo garantidor, o episódio estabelecerá um novo recorde histórico, superando o caso do Bamerindus, que detinha o precedente desde 1997.
O banco vinha adotando uma estratégia agressiva de captação de recursos, financiando-se principalmente através da emissão de CDBs com taxas significativamente acima da média do mercado. Essa política ajudou a atrair um grande número de investidores em busca de rendimentos mais elevados, mas também elevou o risco da operação.
Proteção aos investidores e limites do FGC
Os investidores do Banco Master contam com a proteção do FGC para diversos tipos de aplicações, incluindo CDBs, LCIs, LFs e outros títulos cobertos pelo fundo. O limite de garantia é de até 250 mil reais por investidor e por instituição financeira, valor que determina o máximo que cada cliente poderá recuperar em caso de liquidação.
Com mais de 62 bilhões de reais em depósitos cobertos pelo FGC, o caso do Master se destaca não apenas pelo volume absoluto, mas também pela complexidade operacional que representa para o sistema de garantias.
Contexto histórico das intervenções bancárias
Ao longo das últimas três décadas, o FGC foi acionado em aproximadamente 40 processos de quebra ou intervenção em instituições financeiras. Nenhum deles, no entanto, se aproxima do porte do caso envolvendo o Banco Master.
O histórico de intervenções bancárias no Brasil inclui episódios marcantes como:
- Banco Nacional e Banco Econômico (1995) - Revelaram rombos bilionários logo após a implementação do Plano Real
- Bamerindus (1997) - Até então considerado o caso mais complexo, com transferência da parte saudável para o HSBC
- Banco Santos - Marcado por fraudes e venda de bens de luxo do controlador
- PanAmericano - Recebeu um dos maiores aportes sem chegar à liquidação
- Cruzeiro do Sul - Expôs esquema de créditos fictícios
Diante desse histórico, a intervenção no Conglomerado Master se destaca pela escala inédita. Com 86,4 bilhões de reais em ativos, o caso supera em magnitude todas as operações anteriores do fundo e já é tratado como a mais extensa intervenção financeira do país.
A liquidação do Master S.A. e a administração especial temporária do banco múltiplo marcam um novo capítulo na atuação das autoridades reguladoras, representando um desafio sem precedentes para o sistema de garantia de depósitos brasileiro e para a estabilidade do mercado financeiro nacional.