Em uma das vitórias mais dramáticas da história dos concursos de beleza, a mexicana Fatima Bosch foi coroada Miss Universo 2025 nesta sexta-feira, 21 de novembro, após uma competição marcada por controvérsias, insultos e uma impressionante demonstração de resiliência por parte da candidata.
O confronto que mudou tudo
O caminho até a coroa foi turbulento para a representante do México. No início de novembro, durante um evento do concurso na Tailândia, Fatima Bosch foi publicamente repreendida pelo diretor da competição, Nawat Itsaragrisil. O incidente ocorreu porque a candidata não havia publicado conteúdo promocional conforme solicitado.
Em cenas que se tornaram virais nas redes sociais, o diretor tailandês ordenou que Bosch se calasse após ela rebater seus comentários. Com tom arrogante, Nawat questionou por que a mexicana continuava a se manifestar, ao que ela respondeu com uma frase que se tornou símbolo de sua jornada: "Porque eu tenho uma voz".
A situação escalou quando o diretor ameaçou desqualificar Bosch, alegando falta de respeito. A candidata, no entanto, manteve sua posição e afirmou que ele não a estava "respeitando enquanto mulher". Após deixar o recinto, várias outras candidatas se levantaram em solidariedade à mexicana, ignorando as ordens de Nawat para que se sentassem.
As consequências do escândalo
O incidente, transmitido ao vivo, gerou imediata repercussão internacional. Após o evento, Bosch revelou à imprensa que o diretor de 60 anos a havia chamado de "burra", acusação confirmada por outras testemunhas presentes.
Nawat Itsaragrisil negou a acusação, alegando que a mexicana confundiu "burra" com "danos" devido à pronúncia em inglês. Mesmo assim, ele acabou pedindo desculpas publicamente, especialmente às aproximadamente 75 candidatas que testemunharam o ocorrido.
A Organização Miss Universo (MUO) não ficou quieta diante da polêmica. Em vídeo, o presidente Raul Rocha condenou o comportamento "malicioso" do diretor, afirmando que ele havia "humilhado, insultado e demonstrado falta de respeito" a Bosch. Rocha também criticou o "grave abuso de ter chamado a segurança para intimidar uma mulher indefesa".
Como consequência, a participação de Nawat no concurso foi "limitada ao máximo" ou eliminada completamente, com a MUO anunciando que "medidas legais" seriam tomadas contra ele.
Mais polêmicas e a coroação final
As controvérsias não pararam por aí. A Miss Universo 1996, Alicia Machado, foi criticada por fazer comentários racistas durante uma transmissão no Instagram sobre o incidente. Ela se referiu ao diretor como "aquele chinês desprezível" e, quando corrigida por um usuário, afirmou que para ela "todas essas pessoas com olhos puxados como os dele são chinesas", enquanto fazia gestos considerados ofensivos.
Poucos dias antes da grande final, dois jurados renunciaram abruptamente. Omar Harfouch, compositor e membro do júri, acusou o concurso de ser manipulado, alegando a existência de um grupo secreto e "improvisado" que já teria pré-selecionado as 30 finalistas antes da última fase da competição.
A MUO negou veementemente as acusações, afirmando que elas "distorcem" o processo de julgamento e reafirmando a transparência dos protocolos estabelecidos.
Após toda essa turbulência, Fatima Bosch, uma humanitária e voluntária de 25 anos, foi finalmente coroada pela vencedora do ano anterior, Victoria Kjær Theilvig, da Dinamarca. A tailandesa Praveenar Singh ficou com o segundo lugar, enquanto Stephany Abasali (Venezuela), Ahtisa Manalo (Filipinas) e Olivia Yacé (Costa do Marfim) completaram o top 5.
A vitória de Bosch representa não apenas um triunfo pessoal, mas também um marco para o empoderamento feminino nos concursos de beleza, demonstrando que a dignidade e a força de caráter podem prevalecer mesmo diante das adversidades mais desafiadoras.