A segunda edição do Concurso Nacional Unificado (CNU) tem uma das etapas mais aguardadas e temidas pelos candidatos marcada para o dia 7 de dezembro: a prova discursiva. Esta fase, de caráter eliminatório e classificatório, exige atenção redobrada, pois qualquer deslize técnico ou formal pode comprometer a classificação final, mesmo para quem se sente seguro nas provas objetivas.
Estrutura e pontuação da prova discursiva
O edital do concurso, organizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), estabelece com clareza a estrutura e os critérios de correção, que variam conforme o nível de escolaridade exigido pelo cargo.
Para os cargos de nível superior, a prova será composta por duas questões discursivas. Cada resposta deve ser desenvolvida em até 30 linhas. A etapa vale um total de 45 pontos, sendo 22,5 pontos para cada questão. A nota de cada questão é dividida igualmente entre dois critérios: domínio dos conhecimentos específicos e uso da Língua Portuguesa.
A banca examinadora avaliará a compreensão do tema, a precisão conceitual e a pertinência das informações para a metade referente ao conhecimento. Na parte de língua portuguesa, serão verificados correção gramatical, estrutura do texto e organização das ideias, com foco em coerência e coesão para garantir clareza.
Para os cargos de nível intermediário, a prova consiste em uma redação dissertativo-argumentativa, também limitada a 30 linhas. O valor total é de 30 pontos, atribuídos exclusivamente ao critério de uso da Língua Portuguesa. Embora o tema tenha relação com os conhecimentos específicos do bloco temático, o domínio técnico não é pontuado. A avaliação priorizará a capacidade de estruturar um texto com introdução, desenvolvimento e conclusão, mantendo coerência, coesão e o respeito à norma culta.
Critérios de avaliação e o que pode zerar a prova
A escrita é determinante para todos os candidatos: representa metade da nota no nível superior e 100% no intermediário. A banca corrigirá apenas o que estiver registrado na folha definitiva, aplicando regras rigorosas.
Para evitar a nota zero, os candidatos devem ficar atentos às regras formais eliminatórias:
- A escrita deve ser feita exclusivamente com caneta esferográfica azul ou preta, de corpo transparente.
- A folha definitiva não pode conter assinatura, marcas, símbolos ou qualquer elemento que permita identificar o autor.
- Respostas fora do espaço delimitado ou consideradas ilegíveis serão anuladas.
- O rascunho não tem valor para correção; apenas o texto transcrito na folha oficial será avaliado.
Como se preparar e detalhes da aplicação
A professora Leticia Bastos orienta que a preparação vai além da memorização. É preciso transformar o conhecimento em texto. Ela recomenda três pilares: revisão focada nos eixos do edital, treino de redação respeitando o limite de 30 linhas e o tempo da prova, e simulação completa da etapa pelo menos uma vez.
Para escrever bem dentro do limite, uma dica é usar uma estrutura em quatro parágrafos: introdução, dois blocos de desenvolvimento e conclusão. Fazer um rascunho com tese, argumentos e conclusão, distribuir as linhas e usar conectivos claros são passos importantes. A revisão final, dedicando de 5 a 10 minutos para conferir tema, coerência e erros gramaticais, é crucial.
Os portões dos locais de prova serão fechados às 12h30 (horário de Brasília), com início da aplicação às 13h. A duração varia:
- Nível Superior: prova até as 16h (3 horas). O caderno de questões só pode ser levado a partir das 15h.
- Nível Intermediário: prova até as 15h (2 horas). A retirada do caderno é permitida a partir das 14h.
Em ambos os casos, o candidato deve permanecer pelo menos uma hora na sala. Todos devem entregar o cartão de respostas e a folha de textos definitivos ao final.
Contexto do CNU 2025 e próximos passos
A primeira fase do CNU 2025 foi aplicada em 5 de outubro e registrou uma participação expressiva, com quase 60% de comparecimento, reduzindo a abstenção para 42,8% – índice bem menor que os 54% de 2024. Mais de 760 mil pessoas se inscreveram para concorrer às vagas distribuídas em nove blocos temáticos, com salários entre R$ 4 mil e R$ 16 mil.
Os próximos passos do calendário são:
- 1º de dezembro: Divulgação do cartão de confirmação com o local da prova.
- 7 de dezembro: Aplicação das provas discursiva e objetiva.
- 6 de janeiro de 2026: Divulgação da nota preliminar e espelho de correção.
- 7 e 8 de janeiro de 2026: Prazo para interposição de recursos.
- 30 de janeiro de 2026: Resultado final da discursiva e lista de classificação.
Com a discursiva definindo o futuro dos candidatos, o domínio do conteúdo específico do bloco temático escolhido e a habilidade de escrita são, sem dúvida, as chaves para o sucesso nesta etapa decisiva.