
Era pra ser um alívio. Um sopro de esperança pra quem enfrenta sol, seca e terra rachada todo santo dia. Mas a caneta presidencial riscou fora o projeto que prometia um respiro aos agricultores do semiárido fluminense — e agora o clima é de fúria generalizada.
Na última terça (13), produtores rurais do interior do Rio se reuniram num daqueles debates que começam com protocolo e terminam em protesto. O motivo? O veto total do Planalto à Lei do Semiárido, que previa linhas de crédito especiais e incentivos fiscais pra região.
"É um tiro no pé", diz presidente da associação rural
José Almeida, líder da Associação dos Produtores de São Francisco de Itabapoana, não esconde a indignação: "A gente tá há anos pedindo esse apoio. Quando finalmente aprovaram na Câmara, vem o presidente e corta tudo? É de cair o cu da bunda!". Segundo ele, 78% das pequenas propriedades da região dependem de medidas assim pra não fechar as portas.
- Veto atinge 14 municípios classificados como semiáridos
- Projeto previa redução de juros para financiamento agrícola
- Isenção de impostos para equipamentos de irrigação foi barrada
Do outro lado, o governo alega "inconstitucionalidade" — um termo jurídico que, nas palavras dos agricultores, "não enche barriga de ninguém". Enquanto isso, os termômetros marcam 38°C na sombra e os reservatórios baixam perigosamente. Ironia? Talvez.
E agora, José?
Os ruralistas prometem virar o jogo. Já circulam abaixo-assinados e articulam uma pressão nos bastidores pra derrubar o veto no Congresso. "Se depender da nossa categoria, essa história não acaba aqui", ameaça Almeida, enquanto ajusta o chapéu de palha sob o sol inclemente.
Enquanto a política decide, o sertão espera. E seca. E espera mais um pouco.