O mercado pecuário brasileiro registrou um marco histórico nesta quinta-feira (20) com o leilão que consagrou a vaca Donna FIV CIAV como o animal mais caro do mundo. O evento realizado em Foz do Iguaçu, no Paraná, atingiu o valor extraordinário de R$ 54 milhões para a fêmea da raça Nelore.
Durante o leilão, 25% da propriedade do animal foram arrematados por R$ 13,5 milhões por investidores do setor, incluindo o grupo Nelore Huff, do cantor sertanejo Murilo Huff. Os outros 75% já haviam sido comercializados anteriormente para outras empresas.
Excelência genética que justifica o investimento
Donna não é uma vaca comum. Com 10 anos de idade e nascida em uma fazenda de Rolândia, no norte do Paraná, ela representa o ápice do melhoramento genético bovino no país. Eleita a Melhor Matriz do Ranking Nacional 2024, a animal acumula títulos em exposições prestigiadas como Expozebu e Expoinel.
Heitor Lutti Pinheiro Machado, assessor pecuário da SAP Assessoria, explica que "a dona e os filhos dela são fruto de um trabalho de melhoramento genético. Elas são o topo da pirâmide". O processo envolve diversos profissionais especializados e resulta em animais com maior resistência e desenvolvimento mais rápido.
Rentabilidade que impressiona o mercado
O investimento milionário encontra respaldo em números concretos. Nos últimos 90 dias, Donna gerou um faturamento de R$ 10 milhões apenas com a venda de prenhezes - gestações bovinas. Após o leilão, somou mais R$ 11,5 milhões com a comercialização de óvulos.
Os benefícios do melhoramento genético se estendem a toda a cadeia produtiva. "Antes era necessário esperar cinco anos para que o rebanho de corte estivesse pronto. Hoje em dia, são aproximadamente três anos", destaca Heitor.
Clones potencializam o valor do animal
Um dos fatores mais extraordinários do negócio é que Donna possui três clones, gerados em um laboratório de Uberaba, Minas Gerais. As quatro vacas - a matriz original e suas três réplicas genéticas - foram leiloadas em conjunto e entendidas como "um único animal".
Esta estratégia multiplica exponencialmente a capacidade produtiva. A "união" das quatro vacas permite a produção de 100 embriões por mês, que são gerados por outras vacas receptoras, resultando em 30 a 40 bezerros regularmente.
"Tudo vai junto no pacote, porque o DNA é o mesmo, é como se fosse a mesma vaca. É ela e mais três clones e o material genético que ainda é guardado", finaliza Heitor, destacando a revolução que este caso representa para a pecuária nacional.